Anteriormente, mostramos que a fração proteolítica P1G10 advinda do látex de
V. cundinamarcensis apresenta atividade antitumoral/antimetastática sobre
modelo de carcinoma de mama 4T1 ao reduzir níveis de parâmetros
inflamatórios, a angiogênese e por aumentar a atividade intratumoral de
macrófagos associados a tumores (Tumor associated macropahges - TAMs). O
objetivo deste estudo foi investigar os mecanismos de ativação macrofágica
promovidos pelo tratamento com sub-frações de P1G10, CMS1 e CMS2, assim
como, avaliar a habilidade das mesmas em reduzir o peso de tumores e o
número de metástases pela modulação in vivo de TAMs. Primeiramente,
mostramos que os níveis de ROS e de nitrito se encontram, respectivamente,
aumentados em 2 e 11 vezes, após tratamentos com CMS1 ou CMS2.
Dosagens de citocinas realizadas, também, em culturas de macrófagos mostram
que CMS1 promove aumento dos níveis de IL-1β (586%), IL-6 (23%) e MCP-1
(368%). A sub-fração CMS2 promove aumentos nos níveis das respectivas
citocinas na ordem de 1.3, 2.8 e 0.8 vezes maiores que os encontrados pelo
tratamento com CMS1. Os níveis de IL-12 estão aumentados pelo tratamento
com CMS1 (180%) enquanto que os de TNF-α (88%) por CMS2. Por outro lado,
citocinas como VEGF, TGF- β e a atividade de MMP-9 se encontram diminuídas
em 53, 94 e 95%, respectivamente, pela exposição dos macrófagos a 20μg/mL
de CMS1 ou de CMS2. O tratamento de macrófagos com CMS2 foi capaz de
reduzir a viabilidade de células 4T1 (em até 57%) em modelo de co-cultura.
Apesar de CMS1, também, promover aumentos nos níveis de alguns
mediadores acima citados, não foi capaz de induzir a atividade tumoricida em
macrófagos. Posteriormente, foram avaliadas diferentes vias intracelulares de
ativação macrofágica que poderiam ser moduladas por CMS2, como NFk-B,
COX-2, MAPKs e Akt. Os resultados mostram que as vias ativadas nesses
macrófagos foram as de NFk-B e da Akt. Em modelo in vivo de carcinoma de
mama 4T1, proteases de CMS2 (0,3 - 3,0 mg/kg, s.c) reduzem, em todas as
doses avaliadas e após tratamento por 22 dias, o peso dos tumores (31%) e o
número de metástases pulmonares(48%). A dosagem de citocinas intratumorais
mostra que o tratamento dos animais com CMS2 (3,0 mg/kg) promove
diminuições nos níveis de IL-1β (31%), de TGF-β total (33%), de VEGF (34%) e
da atividade de MMP-2 (78%), ao passo que, aumenta os níveis de IL-12 (25%)
e não altera os de TNF-α, IL-10 ou da atividade de NAG. Assim, podemos
concluir que CMS2 apresenta atividade antitumoral/antimetastática, dentre
outros mecanismos, pela modulação da ativação de TAMs, uma vez que,
proporciona o desenvolvimento do fenótipo tumoricida, diretamente, por
alterações de vias intracelulares macrofágicas ou, indiretamente, pela alteração
de mediadores, os quais favorecem o desenvolvimento deste fenótipo.