Aneurismas cerebrais ou aneurismas intracranianos (AIC) são dilatações patológicas das artérias cerebrais de formato e tamanho distintos, acometendo principalmente as bifurcações arteriais dentro do espaço subaracnóideo e apresentam potencial risco de ruptura. Esta patologia é relativamente comum, afetando cerca de 3% a 5% da população adulta mundial. Desenvolvem-se normalmente a partir da segunda década de vida, sendo mais comum entre a quarta e sexta década, acometendo principalmente o gênero feminino. Alterações hemodinâmicas e moleculares, composição histológica das paredes arteriais, aliados aos fatores de riscos ambientais e genéticos são descritos como responsáveis no processo de formação, desenvolvimento e ruptura de tal patologia. A hemorragia subaracnóidea espontânea (HSAE) é a consequência mais devastadora do rompimento aneurismático, levando um grande número de indivíduos a óbito ou a sequelas permanentes. A idade, gênero, hipertensão arterial sistêmica, etilismo, tabagismo, tamanho dos AIC e histórico familiar de aneurismas são importantes fatores de risco. Entretanto, há relatos que polimorfismos do gene eNOS podem também atuar como fatores de risco para o desenvolvimento da doença e consequente HSAE. O presente estudo teve como objetivo geral avaliar o perfil dos polimorfismos T-786C e Glu298Asp (G894T) do gene eNOS em pacientes com aneurismas intracranianos roto, não roto e controles, bem como avaliar suas características sociodemográficas e fatores de risco para AIC. Fizeram parte do estudo 213 pacientes, 160 com aneurismas rotos (AR) e 51 com aneurismas não rotos (ANR), e 215 controles. As genotipagens foram realizadas utilizando a técnica de PCR-RFLP, as frequências alélicas e genotípicas foram obtidas utilizando o software GENEPOP 4.2 e as análises estatísticas no programa GraphPad Prism 5.0. Valores de p< 0,05 foram considerados significativos. A idade média dos pacientes portadores de AIC foi de 51,6±11,9 anos com maioria do gênero feminino (73%) e foi estatisticamente diferente do grupo controle, onde a idade média foi de 60,3±10,2 anos (p<0,0001), com prevalência também do gênero feminino (58%). Associações significativas entre AIC e controles também foram encontradas em relação ao gênero (p=0,0012) e etilismo (p<0.0001). Para as variáveis tabagismo e histórico familiar as análises foram feitas somente para os grupos aneurismas rotos e não rotos, onde pacientes tabagistas apresentaram mais episódios de aneurismas rotos, evidenciando o papel do cigarro na HSAE (OR: 2.706; 95%IC:1.337-5.475; p=0.0053). Em relação ao histórico familiar não foi encontrado associações. Quando divididos em aneurismas rotos e não rotos encontramos diferença significativa (p=0.0039) em relação aos tamanhos. A maior parte dos aneurismas rotos romperam-se com diâmetro <7mm. Nas análises polimórficas não encontramos diferenças significativas. Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que a as variáveis idade, gênero, tabagismo e etilismo foram associadas a HSAE. As análises dos polimorfismos T-786C e Glu298Asp não foram associadas a patogênese dos AIC em nenhuma das comparações, resultados que podem estar associados ao perfil miscigenado de nossa população e ao tamanho amostral.