O objetivo deste trabalho foi contribuir para o conhecimento da
sensibilidade a antifúngicos de subtipos moleculares e sua clonalidade,
verificando ocorrência de tendências dos agentes da criptococose. Os isolados
foram obtidos de amostras clínicas de pacientes (um por paciente) atendidos
entre 2000 e 2007 em hospitais localizados na região sudeste do Brasil. A
tipagem molecular de 58 isolados de C. gattii foi realizada por multilocus
sequence typing (MLST) e de 84 isolados C. neoformans por PCR-Restriction
Fragment Length Polymorphism (PCR-RFLP). Os antifúngicos avaliados foram:
anfotericina B (AMB), fluconazol (FCZ), itraconazol (ITZ), voriconazol (VCZ), 5
fluorcitosina (5FC) e posaconazol (POSA). Para todos os fármacos, exceto
AMB, determinações de MIC foram realizadas conforme recomendado por CLSI,
documentos M27- M27 A3/S4. Para AMB, o MIC foi determinado pelo método de
fita impregnada. A interpretação de MIC foi segundo intervalos de valores, média
geométrica, valor modal, MIC50/MIC90 e ponto de corte epidemiológico para
classificação dos isolados em wild type (WT) e tipo non wild-type (não-WT).
Todos os isolados de C. neoformans foram tipados como VNI e os de C. gattii,
como VGI (6,9%) e VGII (93,1%). Os resultados de MLST permitiram observar
alta diversidade molecular (baixa clonalidade) dos isolados de C. gattii; não foi
verificada concordância com clones de VGIIb e VGIIc, já descritos na América no
Norte, com exceção de VGIIa (1,7%). Entre os isolados de C. gattii foram
descritas 20 (35,7%) sequências novas (STs) geradas por novos alelos ou novas
combinação de alelos, anterioremente, já relatados. A suscetibilidade dos
subtipos moleculares VGI e VGII, foi similar para VCZ, POSA, ITZ (MIC90 0,25
μg/mL). No entanto, frente a C. neoformans, altos valores de MIC90 (32ug/mL)
para FCZ, como para ITZ (0,25ug/mL), foram observados; estes dados indicam
ocorrência de 23,8% e 3,5% de isolados não selvagens, respectivamente, para
FCZ (>8ug/mL) e ITZ (>0,25 ug/mL). Nenhum isolado de C. gattii foi considerado
não-WT para azóis, de acordo com os ECVs propostos, sugerindo a não
ocorrência de mecanismo de resistência. Valores de MIC de AMB para foram
homogêneos e baixos (0,5-1ug/mL) representando ausência de resistência in vitro a este fármaco, em ambas as espécies. Conclui-se pela alta diversidade
genotípica entre isolados de C. gattii do Estado de São Paulo. Quanto a C.
neoformans, confirma-se prevalência do genótipo mais frequente no continente
americano. Não foi possível estabelecer associação entre perfil de sensibilidade
a qualquer dos antifúngicos avaliados e genótipo, assim como tendência na
resistência dos agentes da criptococose.