Em busca de uma medida que seja capaz de identificar animais eficientes, inúmeros índices de eficiência alimentar têm sido propostos na literatura científica. Contudo, devido as limitações dos mesmos, principalmente em relação as alterações na composição corporal, características de crescimento e tamanho adulto dos animais, foi proposto o índice consumo e ganho residual (CGR) com a finalidade de identificar animais com maiores taxas de crescimento e menor consumo de alimentos sem diferenças no peso corporal final. Assim, objetivou-se avaliar o desempenho, características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros de diferentes classes de CGR. Foram confinados 77 cordeiros mestiços Texel (¼ Pantaneira + ¾ Texel), machos, não castrados em duas etapas: na primeira foram avaliados 47 cordeiros com peso médio inicial de 29,9 ± 5,5 kg e 3 a 5 meses de idade e na segunda 30 cordeiros com peso médio inicial de 22,4 ± 3,3 kg e 2 a 4 meses de idade. O consumo de matéria seca (CMS) e ganho médio diário (GMD) foram avaliados por 70 dias. Os animais foram classificados em três classes de CGR: alto (eficiente), médio (intermediário) ou baixo (ineficiente), com base no desvio padrão dessa variável. Foram obtidas as medidas biométricas in vivo, área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) no músculo Longissimus thoracis no final do período experimental. Posteriormente, os animais foram abatidos para estudo dos componentes não-carcaça, características de carcaça, composição tecidual da carcaça estimada a partir da seção HH, análise instrumental, composição centesimal e perfil de ácidos graxos (AG) da gordura intramuscular dos músculos Semimembranosus (pernil), Triceps brachii (paleta) e Longissimus thoracis (lombo). Não foram observadas diferenças entre as classes de CGR para consumo de nutrientes e medidas biométricas in vivo e na carcaça. Os animais eficientes apresentaram ganho médio diário 16,1% superior e melhorias para todos os índices de eficiência avaliados (conversão alimentar, eficiência alimentar, taxa relativa de crescimento, índice de Kleiber, consumo alimentar residual e ganho residual) comparados aos ineficientes. Os animais eficientes e intermediários tiveram maior rendimento de pele/lã e menores de testículos/bolsa escrotal e depósitos de gordura omental, mesentérica, omental/mesentérica e total. Não houve influência do CGR para AOL e EGS obtidas in vivo e na carcaça, pesos e rendimentos das carcaças e dos cortes cárneos e composição tecidual da carcaça. O teor de matéria mineral no pernil e umidade na paleta foi menor para os animais ineficientes. Os animais eficientes apresentaram menor concentração no total de AG saturados, monoinsaturados e polinsaturados no Semimembranosus e Longissimus thoracis. Os animais eficientes e intermediários apresentaram melhor relação AGMI:AGS e AG hipocolesterolêmicos:hipercolesterolêmicos e índices aterogênico e trombogênico (IT) no pernil e IT no lombo. A identificação de cordeiros eficientes pelo CGR garante maiores taxas de crescimento, não prejudica as características de carcaça, composição corporal e qualidade da carne, e promove mudanças benéficas no perfil lipídico da gordura intramuscular, tornando-a mais saudáveis ao consumo humano.