A predação nos ambientes aquáticos reflete a organização das cadeias tróficas. Portanto, a herbivoria do zooplâncton sobre o fitoplâncton pode ser interpretada como um fator estruturador da comunidade destes produtores primários. Esse estudo avaliou a influência da predação exercida pelo zooplâncton sobre a abundância e biomassa do fitoplâncton e seus grupos morfológicos funcionais, em uma lagoa rasa subtropical, na planície de inundação do alto rio Paraná (PR/MSBrasil). A hipótese testada foi que diferentes níveis de pressão de predação alteram a estrutura da comunidade fitoplanctônica, sendo que a maior abundância do zooplâncton reduz a abundância e biomassa fitoplanctônica total e dos diferentes grupos funcionais. Foi realizado um experimento de pastagem, manipulando a abundância do zooplâncton registrado na lagoa, a partir da diluição e concentração desses predadores. Para tal, foram realizados bioensaios de 5 L que representaram um gradiente crescente de predação (T1, T2, C, T3 e T4). As unidades experimentais foram preenchidas com água da lagoa (comunidades planctônicas naturais) (C), e com diferentes diluições (água da lagoa filtrada em rede de plâncton de 10 µm) (T1 e T2) e concentrações de predadores (amostras de zooplâncton concentradas em rede de plâncton de 45 µm) (T3 e T4). Foram estabelecidas 5 réplicas para cada tratamento e adicionada uma concentração mínima de nutrientes (125 μg.L-1 de nitrato e 6,25 μg.L-1 de fosfato), em todos os mesocosmos, conforme dados préexistentes da lagoa. Após 24 horas, o fitoplâncton foi amostrado com frascos de vidro (100 ml) e o zooplâncton em rede de 45 µm; ambas as amostras foram fixadas no local. O gradiente de predação do zooplâncton teve uma relação positiva e significativa para biovolume total do fitoplâncton (R2=0,2937, p=0,003), para o biovolume do grupo GFBM VII (R2=0,2195, p=0,001). Por outro lado, a relação com a abundância do grupo GFBM III foi inversa e significativa (R2=0,2915, p=0,003). A hipótese foi parcialmente corroborada, pois as alterações nos grupos funcionais foram encontradas ao longo do gradiente de predação. Porém, nem todos apresentaram relação de decréscimo com o aumento da predação. As estimativas resultantes desse experimento permitem entender parte da dinâmica trófica entre as comunidades planctônicas em lagoas rasas subtropicais, pois a predação gerou um efeito onde o crescimento populacional de algumas espécies fitoplanctônicas foi controlado, favorecendo a competição na comunidade.