Herbicidas residuais, em alguns casos, podem afetar culturas subsequentes. Nestas situações, o
uso de espécies fitorremediadoras pode ser uma alternativa na degradação destas moléculas,
minimizando o risco de carryover. O primeiro passo para estabelecer se uma espécie pode ser
utilizada como fitorremediadora, é verificar se a mesma apresenta tolerância ao produto, para
posteriormente verificar o seu efeito remediador. Diante do exposto, a presente dissertação de
mestrado teve por objetivo identificar espécies vegetais capazes de fitorremediar o herbicida
diclosulam, elucidando o mecanismo biológico de fitorremediação empregado pelas plantas.
Para isso foram realizados 3 experimentos distintos. No primeiro experimento, realizado na
Estação Experimental da Empresa Dow Agrosciences, foi selecionado, dentre as espécies
Arachis pintoi, Brachiaria brizantha, Brachiaria decumbens, Canavalia ensiformis, Cajanus
cajan e Crotalaria juncea, aquelas que apresentem tolerância ao herbicida diclosulam. No
segundo experimento, realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, avaliou-se a
eficiência das espécies vegetais, previamente selecionadas, em remediar solo contaminado com
o herbicida diclosulam, utilizando o pepino como planta bioindicadora. No terceiro
experimento, realizado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), foi
verificado se o mecanismo de tolerância das duas espécies que apresentaram maior potencial
fitorremediador ocorre devido aos fenômenos de absorção e/ou translocação do herbicida pela
planta. As doses do herbicida diclosulam testadas no primeiro e segundo experimento foram
21, 42, 63, e 84 g ha-1 + controle (sem presença do herbicida); E no terceiro experimento foram
testadas as doses 42 g ha-1 + controle (sem presença do herbicida). As espécies Arachis pintoi,
Canavalia ensiformis, Cajanus cajan e Crotalaria juncea apresentaram tolerância ao herbicida
diclosulam nas doses testadas, sendo as espécies Canavalia ensiformis, Cajanus cajan e
Crotalaria juncea eficientes na dissipação/degradação dessas moléculas no solo, posto que as
duas últimas espécies foram as que apresentaram maior efeito remediador. Utilizando o
herbicida radiomarcado com 14C em sua estrutura molecular, pôde-se inferir através do balanço
de massa e observação das radioimagens das espécies Crotalaria juncea e Cajanus cajan que
a ação fitorremediadora exercida por essas espécies é, provavelmente, através da
fitoestimulação. Ademais, existe uma barreira anatômica/metabólica de translocação do
diclosulam no coleto dessas espécies, o que lhes confere tolerância à essa molécula herbicida.