O presente estudo traz como tema principal a agricultura familiar e as estratégias de gestão
utilizadas pelos agricultores familiares. A agricultura familiar é responsável pela produção de
70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros, 64% das ocupações no meio rural e 10% do
PIB brasileiro, contradizendo estudiosos como Kautsky (1899), que previam a extinção do
agricultor familiar diante do crescimento acelerado do agronegócio, esses pequenos
produtores se mantém sobreviventes em meio a um mercado dinâmico e complexo. Ao longo
do tempo, muitas políticas públicas foram desenvolvidas com o objetivo de promover o
crescimento do segmento agrícola, porém tais medidas beneficiavam predominantemente os
grandes empreendimentos rurais. Após anos de luta, em 1996 foi criado o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que surgiu com intuito de promover
desenvolvimento a esses pequenos empreendimentos rurais, bem como proporcionar
melhorias na qualidade de vida desses agricultores familiares que tanto contribuem para a
produção nacional de alimentos. Entre suas linhas de crédito, o presente trabalho se detém no
PRONAF B, linha de microcrédito rural voltada para agricultores familiares de baixa renda,
que permite acesso a crédito de valores baixos, dispondo de descontos de adimplência que
podem chegar a até 25% do valor tomado. Porém, mesmo com tantos incentivos ao
adimplemento, o PRONAF B obteve altos índices de inadimplência, o que levou à criação do
Programa de Microcrédito Rural Orientado (AGROAMIGO), que concede crédito aos
agricultores familiares beneficiários do PRONAF B, dispondo do acompanhamento de
agentes de crédito que auxiliam desde a elaboração do projeto até a conclusão do processo
quando da liquidação da operação. Nesse contexto das políticas de crédito voltadas para a
agricultura familiar, a presente pesquisa traz como objetivo geral analisar como os
agricultores familiares do território Açu-Mossoró utilizam os recursos concedidos pelo
PRONAF B no período de 2009 a 2014. De forma a atender ao objetivo proposto, utilizou-se
de uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, adotando
como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada composta por 18 perguntas.
O local de estudo foi o território Açu-Mossoró (RN), composto por 14 municípios, onde
foram entrevistados 5 agricultores familiares beneficiados pelo AGROAMIGO dentro do
período compreendido pela pesquisa. A partir dos dados coletados, pôde-se concluir que os
agricultores familiares beneficiados pelo AGROAMIGO no território em estudo não utilizam,
em sua grande maioria, ferramentas de gestão em seus empreendimentos rurais,
possivelmente decorrentes do baixo grau de escolaridade encontrado entre os pesquisados,
podendo esse vir a ser um indicador da necessidade de uma presença mais eficaz por parte dos
órgãos de ATER no sentido de capacitarem esses agricultores familiares para realizarem uma
gestão de seus empreendimentos de forma a obterem um desenvolvimento sustentável e
melhoria da qualidade de vida de seus envolvidos. Pôde-se conhecer ainda, a partir das
entrevistas realizadas, a percepção dos beneficiados acerca dos benefícios proporcionados
pelo PRONAF, embora seja latente a necessidade de aprimoramento do programa para que
possa alcançar os objetivos a que tem se proposto