A presente pesquisa busca compreender como ocorre a constituição das relações de gênero e
de sexualidade para as crianças que estudam em uma Escola de Tempo Integral, a fim de
promover uma reflexão entre os professores, sobre esse importante tema do desenvolvimento
humano. Esta pesquisa justifica-se, por um lado, pela relevância que a educação pública
integral passa a ter no cenário das políticas educacionais em contexto recente, contribuindo
para a compreensão e o aprofundamento do tema relacionado à ampliação da jornada escolar,
uma vez que a cada ano cresce o número dessas escolas no Brasil. Por outro lado, a temática
das relações de gênero e das vivências da sexualidade, por ser inerente à constituição do
sujeito, necessita ser pensada dentro da proposta da Escola de Tempo Integral, tendo em vista
que a criança passa, em média, um terço do dia. Como lócus de investigação para a apreensão
da referida temática no cotidiano escolar, optou-se por investigar uma Escola da Rede Pública
Estadual, que funciona em Tempo Integral, em Jataí, Goiás, no período de agosto de 2012 a
agosto de 2013. Trata-se de uma pesquisa de campo, do tipo qualitativa, com a utilização
metodológica das narrativas, o que possibilita a interação do pesquisador diretamente com os
participantes da pesquisa. Para a análise dos dados utilizou-se principalmente os registros das
narrativas das professoras e das crianças do 3º ano do Ensino Fundamental - Anos Iniciais.
Para refletir sobre essa temática, buscou-se autores que trabalham em uma concepção crítica
de educação e, de acordo com a abordagem histórico-cultural da psicologia, que apresentam
pesquisas e publicações sobre os temas relacionados à educação integral, gênero e
sexualidade. Os resultados demonstraram a dificuldade das professoras quanto ao trabalho dos
temas de gênero e sexualidade em sala de aula; a superficialidade com que esses assuntos são
abordados; o despreparo desses profissionais, quanto a esses conteúdos, temáticas que dizem
respeito, também , à sua vida privada, sexual e afetiva; a ausência desses conteúdos na matriz
curricular; e, a ausência da oferta de Cursos de Formação Continuada sobre essa temática nas
Escolas Integrais. Entretanto, os resultados também indicaram caminhos alternativos
direcionados ao contexto de gênero, sexualidade e práticas pedagógicas, com o intuito de
valorizar as narrativas das crianças como protagonistas da educação sexual, traba lhando
aspectos reais de seus interesses sobre as relações de gênero e as vivências da sexualidade no
ambiente escolar, o que muito contribui para a formação integral do aluno, proposta central do
projeto Escola Integral no Brasil.