A insuficiência coronariana constitui a principal causa de morte no mundo. Identificar os pacientes de risco torna-se um desafio necessário, contribuindo para a redução da morbimortalidade e dos custos relacionados à doença arterial coronariana (DAC). A medicina nos últimos anos vem buscando meios para a detecção precoce e o rastreamento de doenças. Nesse sentido os biomarcadores constituem um instrumento importante no diagnóstico, no prognóstico, na predição de eventos adversos e no monitoramento terapêutico. Fatores de risco como diabetes mellitus, hipertensão arterial, tabagismo e dislipidemia apresentam relação causal bem estabelecida no processo de eventos ateroscleróticos, porém novos estudos têm buscado biomarcadores envolvidos na aterogênese para auxiliar na avaliação precoce do risco de DAC. Este estudo tem por objetivo avaliar dois biomarcadores envolvidos na aterosclerose: interleucina 18 (IL-18) e proteína precursora do trombo (TpP). Foi realizado com uma coorte transversal de 119 pacientes, integrantes do banco de dados do projeto INOVACOR, estratificados em três grupos: Grupo I - pacientes com síndrome coronariana aguda; Grupo II - pacientes com DAC crônica e Grupo III - pacientes sem lesão coronariana, mas podendo apresentar fatores de risco para DAC (grupo-controle). Foram estudadas variáveis demográficas, clínicas, ecocardiográficas e laboratoriais, relacionando-as aos níveis séricos dos biomarcadores IL-18 e TpP. Os resultados encontrados foram: população estudada composta homogeneamente de indivíduos com média de idade de 60,36±9,64 anos; prevalência do sexo feminino no Grupo III (65,0% p=0,002), porém sem significado estatístico para as médias de IL-18 e TpP; menor prevalência de indivíduos não brancos/não negros no Grupo II (15,4%), sem significado estatístico para as médias de IL-18 e TpP encontradas. Em relação aos fatores de risco para DAC (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia, tabagismo, ex-tabagismo, sedentarismo, obesidade e insuficiência renal crônica), observou-se diferença significativa em dislipidemia, ex-tabagismo e sedentarismo, porém na análise intragrupos essa diferença não interferiu nas médias de IL-18 e TpP encontradas. Os dados ecocardiográficos mostraram média da fração de ejeção dos grupos estudados de 65%, e as diferenças da disfunção sistólica do ventrículo esquerdo não influenciaram o resultado encontrado. As médias séricas das concentrações da IL-18 e TpP encontravam-se aumentadas no Grupo I quando comparadas aos demais grupos, com significância estatística, destacando que esses biomarcadores encontravam-se elevados na fase aguda da DAC (IL-18 = 1325,44±1860,13 ng/dL, p=0,002; TpP = 35,86±28,36 μg/mL, p=0,000). Na comparação dois a dois, observou-se que o Grupo I apresentou média de IL-18 e TpP maior que o Grupo II (IL-18 = 353,81±273,65 ng/dL; TpP = 25,66±12,17 μg/mL) e o Grupo III (IL-18 = 633,25±993,93 ng/dL; TpP=18,00±8,45 μg/mL), destacando que na fase aguda da doença coronariana houve elevação desses biomarcadores, sugerindo relação com o processo de instabilidade da placa aterosclerótica.
Palavras-chave: Biomarcadores. Aterosclerose. Síndrome coronariana aguda. Doenças cardiovasculares.