Nossa amostra de trabalho consistiu das cercanias das Nuvens de Magalhães dentro da área amostrada pelo Dark Energy Survey. Nos concentramos na amostra de aglomerados da Grande Nuvem de Magalhães e na descoberta de uma sobredensidade estelar associada à Pequena Nuvem de Magalhães, sobre as quais faremos aqui uma breve descriçãoo, baseada nos resumos já publicados. A Grande Nuvem de Magalhães possui um sistema rico e diversificado de aglomerados estelares, cujas idades, abundâncias químicas e posições oferecem informação a respeito do histórico de formação estelar desta galáxia. Nós usamos as imagens dos dados de verificação científica do Dark Energy Survey para aumentar o censo de aglomerados conhecidos na região externa da Grande Nuvem de Magalhães e para determinar os parâmetros físicos de uma grande número destes objetos usando uma amostra homogênea, tanto fotométrica quanto espacialmente. Nossa amostra contém 255 aglomerados identificados visualmente, dos quais 109 não estão listados em nenhum catálogo prévio. Nós quantificamos o efeito de adensamento estelar para a amostra produzida pela equipe de gerenciamento dos dados do Dark Energy Survey e concluímos que a completeza da amostra estelar é < 10% no centro de aglomerados típicos da Grande Nuvem de Magalhães. Desenvolvemos então um arranjo de tarefas para amostrar e medir as magnitudes e posições das estrelas nos candidatos a aglomerados da Grande Nuvem de Magalhães utilizando o conjunto de pacotes daophot. Também implementamos um método de máxima probabilidade para ajustar perfis de densidade individuais, bem como diagramas cor-magnitude. Para 117 aglomerados (de um total de 255) dos candidatos, sendo 28 aglomerados até então não catalogados, obtivemos idades, metalicidades, módulo de distância e parâmetros estruturais confiáveis, confirmando sua natureza de sistemas físicos. A distribuição de metalicidades para os aglomerados mostra uma dependência radial, com uma ausência de aglomerados quimicamente mais ricos que [Fe/H] ≃ −0, 7 além de 8 kpc do centro da Grande Nuvem. A distribuição de idade mostra dois picos em ≃ 1,2 e ≃ 2,7 bilhões de anos. A relação idade-metalicidade mostra que mesmo sendo uma amostra externa, há uma concordância global com outros trabalhos que amostraram regiões mais centrais desta galáxia. Além disso a relação idade-metalicidade da amostra de aglomerados é bem descrita tendo como limites o modelo analítico de Pagel & Tautvaisiene (1998) e o modelo empírico de Harris & Zaritsky (2009), embora nenhum deles descreva bem o conjunto de aglomerados aqui amostrados. Aqui também reportamos a descoberta de uma sobredensidade estelar batizada de SMCNOD (acrônimo do inglês Small Magellanic Cloud Northern Over-Density), utilizando dados dos primeiros dois anos do Dark Energy Survey e do primeiro ano do MAGellanic SatelLITEs Survey - MagLiteS. A SMCNOD é indistinguível em idade, metalicidade e distância das estrelas vizinhas da Pequena Nuvem de Magalhães, sendo primariamente composta por estrela de idade intermediária (6 bilhões de anos e Z=0.001), juntamente com uma pequena fração de estrelas jovens (1 Gyr, Z=0.01). A SMCNOD tem uma forma alongada com uma elipticidade e = 0.6 e um tamanho aproximado de 6 × 2 graus, uma magnitude absoluta de M(V) ∼= -7.7, rh = 2.1 kpc e µV (r < rh) = 31.2 mag arcsec⁻². Estimamos uma massa estelar de ∼ 10⁵ massas solares, seguindo uma função de massa inicial de Kroupa. A SMCNOD foi provavelmente removida do disco da Pequena Nuvem de Magalhães via tidal stripping, pois é localizada próximo da extremidade da Corrente de Magalhães (Magellanic Stream) e, segundo a literatura, houve recentes encontros entre a LMC e a SMC. Este cenário é apoiado pela significante falta de Hidrogênio neutro. Outros cenários potenciais para a origem da SMCNOD são: uma sobredensidade transitória dentro do raio de maré ou uma satélite primordial em estado avançado de ruptura.