Introdução: A obesidade é fator de risco mais importante para o desenvolvimento
da Apneia Obstrutiva do Sono. Estratégias que promovam a redução de peso
corporal podem contribuir com redução da gravidade da doença, além de melhoras
metabólicas e diminuição no risco de doenças. Dietas com teores aumentados de
proteína são utilizadas com sucesso para a perda de peso em indivíduos obesos.
Objetivos: Avaliar os efeitos de um intervenção dietética com teor elevado de
proteínas na composição corporal, gasto energético de repouso, parâmetros
metabólicos e de sono em homens com apneia obstrutiva do sono.
Métodos: Pacientes obesos, diagnosticados com Apneia Obstrutiva do Sono, do
sexo masculino foram incluídos no estudo. Os participantes foram distribuídos em
dois grupos de intervenção dietética com duração de um mês. Ambos os grupos
foram orientados a seguir uma dieta calculada para resultar em restrição calórica de
30% do gasto energético total. O grupo controle (CTL) consumiu uma dieta de
composição normal de macronutrientes (0,8g de proteínas/kg/dia), enquanto que o
grupo proteína (PTN) foi orientado a consumir uma dieta com teor elevado de
proteínas (1,6g de proteínas/kg/dia). Todos os participantes foram submetidos as
seguintes avaliação antes e após a intervenção: exame de polissonografia noturna,
medidas de composição corporal por pletismografia, gasto energético de repouso
(GER) por calorimetria indireta, avaliações de consumo alimentar e coleta de sangue
para dosagem de marcadores do perfil lipídico, glicídico e hormonal.
Resultados: Ao final da intervenção, a redução média na massa corporal foi
semelhante nos dois grupos (-3,7±2,0% para o grupo CTL e -4,0±1,5% para o grupo
PTN). Foi observado um efeito apenas do tempo, e não dos diferentes protocolos
testados, em medidas antropométricas e de composição corporal, como percentual
de gordura corporal e massa corporal magra. Não foram observadas alterações
significativas no gasto energético de repouso entre os grupos, porém foi observada
uma redução de ≈180kcal/dia no grupo CHO e ≈110kcal/dia. Observou-se uma
redução de 38% no IAH no grupo CHO e 46% no grupo PTN. Além disso, ambas as
intervenções propostas no presente estudo foram capazes de contribuir para a
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melhora no risco de doenças metabólicas dos pacientes, com redução significativa
na glicemia e insulina de jejum, colesterol total e triacilgliceróis plasmáticos.
Conclusão: Conclui-se que apenas um mês de restrição calórica moderada pode
resultar em melhorias significativas na gravidade da Apneia Obstrutiva do Sono.
Além disso, o aumento da ingestão proteica em uma intervenção de curto prazo não
apresenta efeitos adicionais na gravidade da Apneia Obstrutiva do Sono,
composição corporal, gasto energético de repouso e parâmetros bioquímicos do que
uma dieta recomendada.