A construção da Usina Hidrelétrica de Estreito (MA) causou impactos sociais, ambientais e econômicos aos moradores de 2 municípios maranhenses e 10 municípios tocantinenses. Dentre os impactos, a modificação no território, causada pelas migrações compulsórias que interferiram nas relações sociais, econômicas e políticas dos moradores do município de Babaçulândia (TO), alterando a maneira tradicional de produzir e viver. Partindo dessa informação, este estudo revela indicadores relacionados à observação e descrição do panorama da construção da Usina Hidrelétrica de Energia Estreito (UHEE), no período de 2007 a 2011, localizada no Rio Tocantins, na divisa entre os estados do Maranhão e Tocantins. Esta pesquisa apresenta os impactos desse empreendimento no território e na realização das atividades de autossustento dos barqueiros associados à Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO), bem como a apresentação de relatos sobre como aconteceu a desterritorialização, o processo de negociação das indenizações e a reterritorialização do grupo pesquisado, composto por 15 homens. Metodologicamente, o estudo foi desenvolvido com base na pesquisa qualitativa. Aplicou-se o roteiro de entrevistas com questões abertas e fechadas sobre: identificação do participante da pesquisa, memória do trabalho e do lugar impactado, produção e rendimento, impactos do empreendimento que englobaram desde o processo de desapropriação até a definição de um novo local de moradia e sobre as medidas compensatórias coletivas. O roteiro de entrevista foi aplicado nos meses de abril e maio de 2017. Os instrumentos metodológicos em história oral, visitas de campo, fotografias e participação em assembleias da Associação dos Barqueiros de Babaçulândia (TO) foram utilizados para a composição dos dados. A categoria atingidos por barragens e barqueiros e a suas relações com o território e a paisagem sustentaram a pesquisa nos termos teóricos. Durante a pesquisa compreendeu-se que na desestabilização do território dos barqueiros, ocorreram as indenizações, com valores recebidos individualmente; e como associação – através das medidas compensatórias - com a construção de um galpão sede com alguns equipamentos e mobília para a associação e um barco catamarã, também equipado com utensílios de cozinha e lazer. Constatou-se algumas dificuldades para os reassentados na zona rural, como falta de água potável para consumo humano e animal. Outras dificuldades dizem respeito à falta de trabalho devido não existirem mais as praias na margem maranhense nem moradores ribeirinhos para serem transportados, situação que impossibilita a continuidade do trabalho de barqueiro e a falta de outros tipos de trabalho nos quais os barqueiros possam ser inseridos. Diante do exposto, observa-se também, que apesar do recebimento das medidas compensatórias para a associação, os barqueiros não estão realizando trabalhos capazes de suprir suas necessidades de produção de rendas em prol de seus sustentos familiares. Para tanto, sugere-se a realização de eventos no barco catamarã ancorado na orla, como por exemplo, a venda de comidas e bebidas durante determinados dias da semana à noite. E para utilização do galpão, sugere-se a realização de momentos em que os associados possam comercializar produtos e serviços produzidos por seus grupos familiares.