Objetivo: Caracterizar a utilização de medicamentos de uso crônico de uma população composta por idosos com 60 anos ou mais em associação com as doenças crônicas referidas e perdas funcionais. Método: Este é um estudo observacional, de corte transversal, baseado nos dados levantados pelo Projeto EPIDOSO II. Trata-se de uma população de classe média, com indivíduos de ambos os sexos residentes no bairro da Vila Clementino. Foram entrevistados 1002 idosos e utilizados os dados secundários coletados através da Avaliação Geriátrica e Avaliação Gerontológica. A variável dependente é a polifarmácia (uso de 5 ou mais medicamentos), variáveis independentes são: sexo, idade, estado conjugal, escolaridade, renda, número de doenças referidas, hospitalizações e Atividades de vida diária. Os dados foram transferidos para uma planilha eletrônica (Excel®2003) e as análises estatísticas foram realizadas usando o Programa SPSS versão 20.0. Elaboraram-se modelos de regressão logística para avaliar a associação entre a prática de polifarmácia e as variáveis independentes. Resultados: A média de idade foi de 73 anos, sendo 67,2% do sexo feminino, com predomínio de unidos (52,4%), com 8 anos ou mais de estudo (66,1%). A prevalência do uso crônico de pelo menos um medicamento foi de 92,7%. A polifarmácia foi verificada em 50% dos idosos e entre as mulheres 53,8%, realiza esta prática. A doença de maior prevalência entre os entrevistados foi a Hipertensão Arterial (71,9%), e os medicamentos com atuação no Aparelho Cardiovascular foram os mais utilizados (34,6%). As variáveis com maior correlação com a polifarmácia foram: sexo feminino, maior número de doenças, maior número de atividades de vida diária comprometidas e ter sido internado. No modelo final os fatores de risco para polifarmácia permaneceram: sexo feminino (OR 1.42; IC 95% 1.06-1.91); não exercer atividade remunerada (OR 2.06; IC 95% 1.47-2.89); ter 4 a 7 doenças (OR 3.57; IC 95% 1.74-7.32), ter 7 ou mais AVD comprometidas (OR 1.82; IC 95% 1.23-2.69). Conclusões: Os achados deste estudo mostram uma proporção do uso de medicamentos elevada entre idosos, pois os agravos à saúde os fazem necessitar da farmacoterapia. Os idosos que realizam a polifarmácia são do sexo feminino, doentes e incapacitados. Os fatores de risco associados à polifarmácia podem ser modificáveis por ações que visem o uso racional de medicamentos. Para os grupos de idosos que forem identificados com múltiplas doenças e incapacidades, é importante que os profissionais da saúde realizem um trabalho de monitoramento para a polifarmácia.