As plantas emitem uma quantidade significativa de compostos orgânicos voláteis (COV) que apresentam suma importância química e biológica no meio ambiente. A quantidade de COV emitida sob as mudanças climáticas futuras é de grande preocupação por afetar o clima e as interações ecológicas. Além disso, é bem conhecido o papel dos COV como precursores dos processos fotoquímicos ocorridos na atmosfera, sendo eles um dos principais atores na produção de partículas e ozônio na troposfera. Portanto, este estudo visou caracterizar os voláteis produzidos constitutivamente e em decorrência da exposição ao ozônio, por indivíduos jovens de Croton floribundus Spreng., Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F Macbr., e Astronium graveolens Jacq., a fim de avaliar a ação do ozônio no perfil e na taxa de emissão dos voláteis produzidos por essas espécies vegetais, visando verificar se os voláteis constitutivos e induzidos são reconhecidamente importantes para as interações ecológicas e para os processos fotoquímicos atmosféricos. Mudas das três espécies vegetais foram adquiridas em viveiro comercial, transplantadas e acomodadas por um mês em casa de vegetação com ar filtrado, situada no Instituto de Botânica de São Paulo-SP. Foram realizados os tratamentos ar filtrado (AF) e ar filtrado enriquecido com uma dose de 80 ppb de ozônio durante 2 (AF+2dO3) e 4 (AF+4dO3) dias de exposição. Os voláteis amostrados constitutivamente e em decorrência da exposição foram dessorvidos em nitrogênio gasoso por sistema de dessorção térmica, Turbo matrix 650 ATD da Perkin Helmer, e automaticamente analisados em cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (CG-MS). Foram identificados 25 compostos para as amostras constitutivas e 49 compostos para os induzidos pelo ozônio, incluindo as três espécies vegetais. Os constitutivos foram discriminados em quimiotipos devido à emissão de compostos distintos e marcadores para cada espécie, com predominância do monoterpeno β-Mirceno e o sesquiterpeno Farnesano para Astronium graveolens, o monoterpeno β-ocimeno e o sesquiterpeno γ-Elemeno, além do volátil de folhas verdes 3-Hexen-1-ol para Croton floribundus, e os voláteis de folhas verdes como 3-hexen-1-ol e Hexanal, ainda o Metil salicilato para Piptadenia gonoacantha. Quando submetidas à exposição ao ozônio, as espécies vegetais apresentaram respostas diferenciadas. A. graveolens e C. floribundus responderam de forma significativa aos tratamentos com ozônio, emitindo compostos induzidos pela ação desse poluente, como por exemplo o β-Mirceno, Benzaldeído, Nonanal, γ-Muroleno, Decanal e Geranil acetona para A. Graveolens, e os compostos Benzaldeído, Trans-β-Ionone, Decanal, 3-Hexen-1-ol (Z), Hexanal, Metil salicilato, γ-Elemeno e (-)-β-Bourboneno para C. floribundus. Já P. gonocantha não apresentou uma resposta de defesa sob a perspectiva dos compostos voláteis. Os principais COV encontrados nas três espécies vegetais em estudo apresentam alta relevância ecológica, além de conferirem potencial indicativo de tolerância destas espécies frente ao estresse de origem abiótica.