O aprimoramento das técnicas de manejo comportamental de Diabrotica spp. em campo é dependente do conhecimento sobre os ritmos diários de atividades e os fatores envolvidos na comunicação intraespecífica. No presente trabalho, busquei elucidar aspectos morfológicos e comportamentais das duas espécies mais importantes deste gênero na América do Sul, Diabrotica speciosa (Germar) e Diabrotica viridula F. (Coleoptera: Chrysomelidae), organizando o texto em quatro etapas, como seguem: i) prioritariamente, investiguei as cerdas presentes nos basitarsos das pernas anteriores e medianas dos indivíduos destas espécies, sendo que machos possuem cerdas discoides curtas nos basitarsos, enquanto fêmeas possuem cerdas filamentosas nesta região. Tais observações permitiram registrar o dimorfismo sexual, o qual pode ser importante em estudos filogenéticos e comportamentais, além de auxiliar na simples diferenciação entre os sexos; ii) também para estas duas espécies de Diabrotica, analisei os compostos cuticulares buscando identificar as diferenças entre sexos e espécies, bem como a ação dos extratos naturais dos compostos sobre a atividade sexual. Verifiquei que os compostos cuticulares de fêmeas estimulam o comportamento de cópula em machos, os quais realizam tentativas de acasalamento com bastões de vidro impregnados com extratos naturais de fêmeas. A partir da análise química preliminar dos extratos, verifiquei a presença de alcanos que podem ser os responsáveis pela atividade biológica, o que ainda necessita confirmação. As diferenças entre os compostos cuticulares pode auxiliar em estudos de isolamento reprodutivo, bem como oferecer subsídios para aprimorar técnicas de manejo em campo utilizando feromônios para estas espécies; iii) além da caracterização dos compostos cuticulares, também investiguei a hipótese da ocorrência de um feromônio sexual de longa distância em D. viridula, a exemplo do que já foi comprovado para D. speciosa em estudos anteriores. A partir de extrações por aeração forçada, obtive extratos naturais de machos e fêmeas de D. viridula, os quais mostraram-se quimicamente distintos, sendo que dois componentes presentes de fêmeas resultaram em respostas eletroantenográficas. Assim, podendo indicar os compostos como candidatos a feromônios sexuais de longas distâncias, sendo que a identificação destes possibilitará a síntese química e gerará perspectivas contundentes para monitoramento ou controle desta espécie em campo; iv) Caracterizei também o ritmo diário das atividades de emergência, alimentação e oviposição de D. speciosa em laboratório, a fim de permitir estudos de comportamento, bem como inferir sobre o ritmo de atividades em campo. A partir de observações diretas, verifiquei que a emergência e a alimentação ocorrem durante todo o período, com picos em determinados horários da fotofase. Por outro lado, a oviposição em D. speciosa não ocorre durante a escotofase, sendo predominante na segunda metade do período de luz. Considerando que tais comportamentos podem estar associados com a baixa mobilidade dos indivíduos, eles indicam os horários mais apropriados para manipulação das criações de laboratório e podem ser utilizados para direcionar o manejo em campo.