A criação de canário belga (Serinus canaria), chamada de Canaricultura, atualmente é considerada a atividade que reúne a maior quantidade de criadores de aves domésticas do mundo, fato esse devido ser uma ave de baixo custo de manutenção, cores exuberantes e dóceis. Salmonella spp. e Escherichia coli e outras espécies da família enterobacteriaceae já foram relatadas e descritas nessas aves em diversas partes do mundo, contudo no Brasil são escassos os trabalhos e informações acerca deste assunto. Sendo assim, o objetivo desse estudo consistiu em realizar uma pesquisa das enterobactérias em fezes de canários belgas criados em cativeiro para exposição, avaliar o perfil de sensibilidade dos isolados, bem como analisar a presença de cepas de E. coli diarreiogênicas (DEC) e E. coli patogênica aviária (APEC) nesses animais. Para tanto, este trabalho obteve aprovação do Comitê de Ética para o Uso de Animais da Universidade Estadual do Ceará. Desta forma, no ano de 2015, foram coletadas 88 amostras de canários belgas de diversos criadores do Nordeste do Brasil, que esteve reunido em uma exposição regional. Cada amostras era proveniente de pools de fezes do fundo de cinco gaiolas de canários que participavam do evento de exposição ocorrida em Fortaleza/CE. As amostras foram enviadas para o Laboratório de Estudos Ornitológicos da Universidade Estadual do Ceará. Para o processamento microbiológico, foram empregadas etapas de pré-enriquecimento, enriquecimento seletivo, plaqueamento e posterior identificação utilizando bateria de provas bioquímicas. Para realização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos foi empregado o método de disco difusão. As cepas de Escherichia coli foram avaliadas quanto a presença de 8 genes de virulência de DEC (stx1, stx2, eltB, estA, eaeA, ipaH, aatA e aaiC) e 5 de APEC (iroN, iss, hlyF, ompT e iutA) por reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional. Neste estudo foi possível o isolamento de bactérias da espécie Enterobacter cloacae, Serratia rubidaea, Serratia liquefaciens, Klebsiella pneumoniae, Salmonella enterica subsp enterica (rugosa), Escherichia coli, Cronobacter sakazakii, Hafnia alvei, Shigella sonnei, sendo Pantoea agglomerans a mais prevalente. O teste de sensibilidade revelou maior resistência à amoxicilina e ampicilina. Apenas uma cepa de E. coli foi positiva para o gene iss e outra para os genes iutA e hlyF, que são genes de virulência do patotipo de E. coli patogênica para aves (APEC). A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que canários belgas albergam importantes enterobactérias, e que essas cepas apresentam relevantes taxas de resistência.