O treinamento de alta intensidade é uma modalidade que vem ganhando destaque
na literatura e o CrossFit® é uma variação deste tipo treinamento com treinos de curta
duração e intensos. Este tipo de treino influência de maneira positiva nas capacidades
físicas e consequentemente na melhora da aptidão física de seus praticantes. O objetivo
dessa pesquisa será analisar o efeito agudo de uma sessão de treinamento de CrossFit®
em indivíduos ativos, nos níveis séricos do fator neurotrófico derivado do cérebro
(BDNF), estados de humor e na percepção da dimensão corporal. Para isso foram
selecionados 21 indivíduos do sexo masculino, que foram divididos em dois grupos.
Grupo I: Indivíduos que praticavam CrossFit® com idade média 31±5 anos e Grupo II:
Indivíduos que praticam a Corrida com idade média 31±7 anos. Os sujeitos participaram
de uma sessão aguda de treino de CrossFit® com duração de 9 minutos. Para avaliação
dos indivíduos foram realizados os seguintes procedimentos: coleta de sangue para
análise do BDNF, aplicação do teste de BRUMS para avaliar os estados de humor e
análise da percepção da dimensão corporal, todos os testes foram realizados nos
momentos pré treino, pós treino e após 30 minutos de sua recuperação. Os resultados
obtidos foram: observamos que comparado ao momento inicial o grupo CrossFit®
apresentou uma elevação dos seus índices na expressão do BDNF imediatamente pós
treino (p≤0,05), retornando aos valores iniciais 30 minutos após o treino (p≤0,05) (Pré
11.230,52±1.207,15, Pós treino 12.154,99±1.369,89 e 30 min. pós 10.670,04±1.042,69
pg.ml), e não foi observado o mesmo para o grupo Corrida (Pré 12.748,44±2.152,06, Pós
treino 13.783,64±1.840,50 e 30 min. pós 13.693,52±3034,63 pg.ml). Na comparação dos
dois grupos, ocorreram diferenças significativas (p≤0,05) no momento pós treino e 30
minutos após. Na análise do teste de BRUMS para avaliação dos estados de humor, o
grupo que treinava CrossFit® após o treino, os sentimentos de confusão mental (Pré
0,43±0,76, Pós 0,16±0,37, 30 min. pós 0,07±0,33), depressão (Pré 0,14±0,35, Pós 0, 30
min. pós 0,05±0,21), e tensão (Pré 0,89±1,24, Pós 0,34±0,68, 30 min. pós 0,27±0,54)
apresentaram índices menores após a pratica (p≤0,05), houve uma elevação da sensação
de fadiga (Pré 0,73±0,69, Pós 0,75±0,75, 30 min. pós 0,34±0,64) imediatamente pós
treino (p≤0,05) que foi normalizada e melhorada após 30 minutos de recuperação
(p≤0,05) e se sentiram com mais vigor (Pré 2,36±0,97, Pós 2,98±1,09, 30 min. pós
2,48±1,36) pós treino (p≤0,05) e normalizou após a sua recuperação. O grupo que
treinava Corrida, apresentou índices menores de raiva (Pré 0,45±0,99, Pós 0, 30 min. pós
0,05±0,22), confusão mental (Pré 0,35±0,58, Pós 0,10±0,30, 30 min. pós 0), depressão
(Pré 0,25±0,44, Pós 0,05±0,22, 30 min. pós 0,10±0,44), tensão (Pré 0,70±0,72, Pós
0,25±0,44, 30 min. pós 0,40±0,59) e o seu vigor diminuído (Pré 2,55±0,68, Pós
2,35±0,80, 30 min. pós 1,95±0,93) após a pratica (p≤0,05). Na comparação dos dois
grupos, ocorreram diferenças significativas (p≤0,05) no momento pós treino e 30 minutos
após nos índices fadiga e vigor. Com relação a percepção da dimensão corporal geral o
grupo CrossFit® (Pré 106,29±6,21, Pós 109,83±11,90, 30 min. pós 100,28±8,25) e o
grupo Corrida (Pré 100,92±4,74, Pós 101,24±8,10, 30 min. pós 103,30±2,76) foram
classificados como adequados nos três momentos. Na dimensão dos segmentos corporais
houve uma superestimação da região dos ombros no grupo CrossFit® (Pré 105,02±8,37,
Pós 117,23±22,11, 30 min. pós 101,34±14,21) e no grupo Corrida uma superestimação
na região dos ombros (Pré 96,72±12,79, Pós 99,47±12,17, 30 min. pós 111,05±11,06) e
uma melhora na percepção da região da cintura logo após o treino (Pré 114,66±9,88, Pós
104,64±12,87, 30 min. pós 108,36±12,32), estatisticamente significante (p≤0,05) e por
fim nos parâmetros da simetria corporal, ambos os grupos perceberam simétricos.
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Conclui-se que a exaustão crônica no qual os praticantes de CrossFit® já estão
acostumados, ao termino da atividade obtiveram uma melhora nos estados de humor bem
como um efeito transitório positivo do BDNF, em contrapartida os praticantes de corrida,
não apresentaram os mesmos resultados, no qual a exaustão aguda alterou
transitoriamente os estados de humor e possivelmente gerou um bloqueio nas
concentrações de BDNF. Na percepção da dimensão corporal quando o exercício de alta
intensidade é praticado a longo prazo este pode promover uma adaptação neural e gerar
uma melhor percepção da dimensão corporal.