O objetivo da presente pesquisa consiste em verificar a influência do excesso de
confiança e otimismo sobre o gerenciamento de resultados em companhias listadas na
BM&FBOVESPA no período de 2011 a 2015. O referencial teórico está estruturado de
forma a abordar a teoria de base (Teoria das Escolhas Contábeis), o gerenciamento de
resultados e os vieses de excesso de confiança e otimismo. Para alcançar o objetivo,
realizou-se um estudo descritivo e explicativo, quantitativo e documental. A amostra
está composta por companhias listadas na BM&FBOVESPA no período entre 2011 e
2015, sendo que foram excluídos os bancos, companhias de seguros e holdings e
algumas empresas que apresentaram insuficiência de dados, deixando a amostra
composta por 136 empresas. Os dados foram coletados no Bloomberg® e o método
utilizado foi regressão pooled OLS com auxílio do software STATA®. A variável
dependente, Gerenciamento de Resultados, foi estimada pelo modelo de Jones
Modificado (Dechow, Sloan & Sweeney, 1995), e a independente, excesso de confiança
e otimismo, com adaptação de uma medida proposta por Malmendier e Tate (2005).
Segundo os autores, se o CEO é excessivamente confiante e otimista o número de ações
adquiridas pela empresa que atua é maior quando em comparação com número de ações
vendidas, medida chamada de net buyer (comprador habitual), pois este acredita que a
empresa é suficientemente propensa a resultados favoráveis, subestimando seus riscos.
Além destas, foram tratadas como variáveis explicativas o crescimento, desempenho,
alavancagem, tamanho e setor da economia. Os resultados sugerem que o excesso de
confiança e otimismo está relacionado positiva e significativamente com o
gerenciamento de resultados, ou seja, CEOs mais excessivamente confiantes e otimistas
gerenciam mais seus resultados, e estes achados estão de acordo com pesquisas
realizados em outros países. Além disso, foi verificado significância estatística na
relação com gerenciamento de resultados das seguintes variáveis: desempenho,
alavancagem, tamanho e os setores de Bens Industriais, Materiais Básicos, Saúde,
Tecnologia da Informarmação, Telecomunicações e Utilidade Pública. De toda forma,
as conclusões aqui verificadas contribuem para instigar novas pesquisas que
aprofundem a influência de aspectos comportamentais sobre a tomada de decisão da
gestão.