O conceito de trabalho em equipe está relacionado à idealização coletiva de um objetivo ou
meta em comum, que necessita da participação de todos os seus membros para que possa ser
alcançado. No ambiente de trabalho é comum que os indivíduos se organizem em equipes
corporativas, comum também no âmbito da atenção primária à saúde, como é o caso das
equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), que possui o trabalho em equipe como um de
seus principais pilares. Nas equipes da ESF atuam profissionais com perfis profissiográficos
diferentes, que proporcionam um ambiente complexo e de grande significado para
investigações direcionadas às relações interpessoais no ambiente corporativo. Esta pesquisa
teve por objetivo analisar o clima no trabalho em equipe de profissionais da Estratégia Saúde
da Família. Trata-se de uma pesquisa transversal com duas vertentes metodológicas, uma
quantitativa e outra qualitativa, realizada com 458 profissionais atuantes em 72 equipes da
ESF pertencentes às 34 Unidades Básicas de Saúde do município de Maringá, Paraná. A
coleta de dados ocorreu no período de março a julho de 2016 em dois momentos, no primeiro
foi utilizado um instrumento autoaplicável constituído de três partes, a primeira contendo
questões relacionadas à caracterização dos participantes, a segunda constituída pela Escala
de Clima na Equipe (ECE) e a terceira por cinco questões abertas que abordaram a percepção
sobre o trabalho em equipe. No segundo momento foram realizadas entrevistas
semiestruturadas, gravadas com 13 profissionais, os quais mostraram maior interesse durante
o primeiro momento. Na análise dos dados quantitativos foram realizados o teste de Kruskal-
Wallis seguido do teste post hoc de comparações múltiplas de Dunn, com um nível de
confiança de 95%. Os dados qualitativos foram submetidos à análise de conteúdo na
modalidade temática. Os resultados mostraram que as maiores médias na ECE foram dos
enfermeiros (8,05) e dos auxiliares/técnicos de enfermagem (8,02). Já os odontólogos
apresentaram a menor média (7,45), seguidos pelos auxiliares/técnicos de saúde bucal (7,60).
AECE não apresentou diferença significativa paras as variáveis: sexo, idade e tempo de
atuação. Os profissionais com até 30 anos atribuíram os menores escores médios para a nota
da equipe (NP) (186,11) e para a nota pessoal (NP) (184,76), com diferença significativa em
relação aos demais grupos etários (p=0,0138 e p=0,0210, respectivamente). Também
atribuíram menores escores médios para NP (186,65) os profissionais com atuação de até
um ano nas equipes (p=0,0030). Não foi observada diferença significativa entre os sexos
para NE e NP. Para os profissionais da ESF o trabalho em equipe depende da participação
de todos os seus membros na busca por objetivos comuns, e para que haja maior
resolutividade e qualidade algumas características são essenciais, como apoio, união e
respeito, pois vão contribuir para a manutenção do bom relacionamento interpessoal e
consequentemente maior harmonia na equipe. Conclui-se que existem lacunas no processo
de trabalho das equipes da ESF, principalmente nas relações entre os profissionais de saúde
bucal e os demais membros da equipe em estudo. Também foi observado que os profissionais
mais jovens ou com menor tempo de atuação tendem a atribuir menores notas para o trabalho
desempenhado por suas equipes, assim como para o desempenhado por eles.