Alguns procedimentos de ensino e situações que derivam das relações vividas na escola, contribuem para que os alunos concebam a Geografia como um conhecimento sem significado para suas vidas. A realização desta pesquisa foi provocada pela inquietação em compreender o sentido de ensinar Geografia. Com base nessa dúvida, o propósito geral do trabalho foi analisar a identidade do território do Brasil e dos brasileiros dos livros didáticos
de Geografia, do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que são direcionados para o sétimo ano do ensino fundamental da escola pública. O nosso objeto de investigação são os livros didáticos de Geografia, com destaque para dois livros do PNLD 2014, Projeto Araribá e Expedições Geográficas, cujas coleções tiveram a maior quantidade de exemplares adquiridos pelo Estado. Em busca do objetivo anunciado, inicialmente realizamos um
levantamento das teses e dissertações que se preocuparam com os discursos dos livros didáticos de Geografia. Continuamos a investigação procurando livros didáticos que historicamente se tornaram referência ao ensino da Geografia brasileira e estes nos mostraram um conjunto de ideias, que suspeitamos estarem se reproduzindo nos livros didáticos que são distribuídos nas escolas por intermédio do PNLD. Em seguida, elegemos as fontes primárias da nossa análise, coletamos os dados e, simultaneamente ao tratamento destes, fomos resgatando os referenciais teóricos que deram suporte à análise documental e à elaboração da dissertação. A análise final que por ora se realizou para o fechamento desse trabalho, foi embasada pelas teorias que fundamentaram o tratamento dos dados e ocorreu comparando as amostras dos livros didáticos do PNLD e outros livros escolares da trajetória do ensino de Geografia. Entre os fundamentos teóricos que serviram de aporte para a nossa análise, temos os trabalhos de pesquisadores da Geografia como Santos (2005), Silva (2006), Katuta (2007), Tonini (2013); Moreira (2014); investigadores da história do livro, das disciplinas escolares e do currículo, entre os quais, Chervel (1990), Bittencourt (1993), Apple (1994), Chartier (1996), Munakata (1997), Choppin (2009), e outros pesquisadores como Harley (1991), que trabalha com a história da cartografia; Lefebvre (1983), da história da filosofia; Anderson (2008) da História. Entre os resultados desta dissertação, comprovamos a tradição que
historicamente se apresenta nos livros didáticos de Geografia que registram uma leitura fragmentada do Brasil e não sinalizam a perspectiva de relacionar as partes (Natureza-Homem-Economia), uma abordagem em que o brasileiro é concebido separado da natureza e da sociedade. Apreendemos que essa maneira de olhar o território e a nação, desfavorece a abertura de um diálogo sobre os acontecimentos do cotidiano dos alunos e, para compreender
o sentido de ensinar Geografia na escola, será necessária uma análise à luz do significado dessa instituição, porque, assim como as outras disciplinas que constituem uma matriz curricular, a Geografia é uma área do conhecimento que se desenvolve em intíma relação com a realidade interna da escola, construindo uma autonomia que não responde ao que se faz na universidade.