O presente trabalho busca analisar a inserção da grande imprensa carioca no debate acerca do processo de instalação da indústria automobilística durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). O recorte proposto delimita a pesquisa em três jornais de grande circulação e prestigio na sociedade carioca do período, são eles: Última Hora; Jornal do Brasil; O Globo. A escolha destes periódicos leva em consideração os distintos posicionamentos que, segundo a historiografia, foram apresentados pelos mesmos frente à temas relevantes para a sociedade brasileira. Cabe ressaltar que este aspecto fora, por vezes, objeto de uma leitura linear de pesquisadores que se debruçaram sobre o tema, cristalizando-se ao longo dos anos pela repetição dos argumentos, mas que, segundo buscamos apresentar, não se sustenta após uma pesquisa empírica mais detalhada. Para além de um simples enquadramento de posição em relação a correntes ideológicas (neoliberal, desenvolvimentista, socialista), buscamos apresentar argumentos que permitam embasar a hipótese de que, fugindo a reducionismos, o posicionamento dos grandes jornais deve ser compreendido dentro de um universo mais amplo e, condição fundamental, em relação aos demais veículos envolvidos na disputa pela imposição de uma visão (mais) legítima sobre o assunto. A análise dos argumentos apresentados pela imprensa, no que diz respeito à indústria automobilística, é fundamental para os objetivos aos quais nos propomos, já que esteve no centro de calorosos debates (políticos e econômicos) e constituiu-se como “setor dinamizador” do projeto proposto por Juscelino a partir do plano de Metas. Além do mais, permite acesso à temas essenciais para leitura dos posicionamentos tomados, tais como intervenção estatal, planejamento econômico, regulação de capital estrangeiro, proteção alfandegária, controle cambial, papel dos bancos de fomento, aparato administrativo, entre outros.