A importância econômica e de saúde pública no Brasil da cisticercose bovina, causada pela forma larval de Taenia saginata, tem sido comprovada pela sua alta frequência constatada em abatedouros frigoríficos. Em razão da baixa sensibilidade do método de controle (inspeção post mortem) na identificação de carcaças com infecções discretas, estudos visando o desenvolvimento de métodos alternativos para o seu diagnóstico, como os testes sorológicos são de alta prioridade. Nesta pesquisa foram desenvolvidos e avaliados os desempenhos dos testes Dot-Blot e ELISA para o diagnóstico da cisticercose bovina, ambos utilizando antígeno purificado de larva de T. crassiceps. Para isso, os extratos proteicos do antígeno bruto de larva de T. crassiceps foram fracionados por cromatografia de exclusão molecular de alta resolução, em coluna Superdex 75 10/300 GL. Para o desenvolvimento dos métodos diagnósticos foram utilizadas frações específicas desses extratos. Após a padronização, para a determinação do desempenho de cada teste, foram realizados ensaios utilizando 80 soros de bovinos positivos para a cisticercose (40 naturalmente e 40 experimentalmente infectados com ovos de T. saginata), 40 soros de bovinos negativos para a cisticercose e 40 soros de bovinos diagnosticados com outras doenças. As taxas de desempenho obtidas para o Dot-Blot foram de 93,8% de sensibilidade, 87,5% de especificidade e 90,6% de acurácia; sendo observado reações cruzadas com animais com fasciolose, hidatidose e tuberculose. Já os resultados obtidos pelo ELISA foram de 93,8% de sensibilidade, 95,0% de especificidade e 94,4% de acurácia; com reação cruzada observada com fasciolose. O uso de frações específicas do antígeno de larva de T. crassiceps, forneceu, para ambos os testes alto poder discriminatório entre animais doentes e não doentes. As sensibilidades, tanto o DotBlot quanto o ELISA, foram superiores a apresentada pela inspeção post mortem em detectar animais infectados naturalmente; tornando possível a aplicação destes em investigações epidemiológicas da doença. Conclui-se que a escolha da técnica deve se pautar, principalmente, na disponibilidade de recursos e equipamentos, uma vez que o Dot-Blot pode ter menor custo e não depende de equipamentos para a sua realização, ao contrário do ELISA.