Parte-se da premissa que a mercantilização da tríade Terra-Água-Trabalho no Oeste da
Bahia, são pilares imprescindíveis para a expansão do capital no campo, em que o controle
do trabalhador junto à monopolização da propriedade privada da terra pelo capital, com a
legitimação do Estado, apresenta-se como uma essencial estrutura para garantir a posse
mercantil da água, seja ela subterrânea, superficial ou da chuva. Um arcabouço que faz o
capital no campo se consolidar e se expandir em diferentes composições humanas e
materiais. Este é entendido como um caminho teórico-metodológico cabível para
compreender o mundo do trabalho no campo, por meio de uma relação integrada na qual o
domínio de um depende diretamente dos outros para dar movimento a essa dinâmica
territorial. A água vinculada a terra para garantir a vitalidade da produção (sobretudo para o
plantio de sequeiro em área com pluviometria regular, a irrigação, a extração mineral e
derivados de material fóssil, a produção de energia hidroelétrica, a pecuária e a aquicultura),
e os trabalhadores com a função de mover, por meio de suas forças psíquicas e físicas, os
meios de produção. No conjunto dessas constatações aponta-se a ideia do Conglomerado
Territorial do Agrohidronegócio – CTA, dinamizada essencialmente pelo conflito de
classes na disputa da Terra-Água-Trabalho, permeada por uma dinâmica políticoeconômica movida essencialmente pela extração do trabalho não pago por meio de relações
capitalistas e não capitalistas, sustentada a partir da precarização das relações e a degradação
das condições de trabalho, regimentadas pelo conluio estatal com o capital, a flexibilização
e omissão do Estado frente à legislação trabalhista, a mobilidade forçada, os salários de
subsistência, as terceirizações, a informalidade, o trabalho escravo, as intoxicações, as
doenças graves, as mortes e os acidentes de trabalho, a diminuição da vazão e mortes de
rios, o desmatamento em série, a propagação de espécies parasitárias etc. Uma totalidade
consubstanciada por um arcabouço de controle global, objetivado essencialmente na
ampliação das taxas de lucro, orquestrado a frente de qualquer impacto sobre a saúde
ambiental, contudo, defrontado pela luta para sobreviver por parte da classe trabalhadora.