Este trabalho objetivou-se avaliar o potencial alelopático de diferentes extratos obtidos das folhas secas de Portulaca oleracea (beldroega) e Raphanus raphanistrum (nabiça). Os extratos foram preparados por refluxo em água ultrapura e maceração dinâmica utilizando solventes de polaridade crescente (hexano, diclorometano, acetato de etila, butanol e água ultrapura). Os extratos obtidos foram filtrados e evaporados sob vácuo, em seguida foram realizados os cálculos dos rendimentos extrativos e os ensaios de quantificação de fenólicos totais (fenóis, flavonoides e dihidroflavonoides) e potencial antioxidante (poder redutor, capacidade antioxidante total, poder quelante e sequestro de radicais livres DPPH). As correlações dos métodos de quantificação e antioxidante foram obtidas através da análise de correlação canônica. Para os testes de alelopatia os extratos foram ressuspendidos em água ultrapura, mesura do pH e diluídos de modo a obter-se quatro concentrações (2, 4, 6, 8 g.L -1 ). Nos bioensaios de germinação foram utilizadas 25 sementes de Lactuca sativa (alface), sendo umedecidas com 4 mL dos extratos e mantidas em estufa tipo BOD com temperatura a 24ºC e fotoperíodo de 12 horas, onde foram avaliados o índice de velocidade de germinação (IVG), porcentagem de germinação (%G), massa seca, crescimento radicular e hipocótilo. Independente dos métodos extrativos, os extratos aquosos foram os que apresentaram ma ior rendimento para ambas as plantas. Dos extratos obtidos, somente o extrato hexânico não demonstrou resultados significativos nos ensaios de quantificação e antioxidante. No teste do poder quelante os extratos aquosos da nabiça apresentaram melhor atividade de quelação do Fe +2 (0,002±0,0 mg/mL). Na beldroega o extrato butanólico apresentou um elevado efeito antioxidante no ensaio do poder redutor comparado com o ácido ascórbico. Ambas as espécies apresentaram uma alta correlação entre a quantificação de compostos fenólicos e os métodos antioxidantes. No teste de alelopatia os extratos aquosos obtidos por maceração e refluxo da nabiça apresentaram efeito alelopático a partir das menores concentrações, sendo que, no extrato aquoso por maceração na maior concentração (10 g.L -1 ) inibiu total a germinação das sementes de alface. Os extratos obtidos a partir dos solventes diclorometano, acetato de etila, butanol e água ultrapura influenciaram no desenvolvimento das plântulas da espécie teste, na qual o extrato aquoso foi capaz de inibir mais de 50% o crescimento da radicular. Na beldroega, os extratos aquosos obtidos por refluxo e maceração foram os que apresentaram atividade em todos os testes analisados, porém o extrato obtido pelo método de maceração foi o que demostrou melhor resultado, inibindo totalmente a germinação nas concentrações de 8 e 10 g.L -1 . Dos extratos com polaridade crescente somente o diclorometano não afetou o desenvolvimento da alface. Os resultados deste trabalho indicaram o potencial alelopático e antioxidante da beldroega e da nabiça em ensaios realizados em in vitro.