Durante a primeira fase que compreende o período do Brasil holandês (1630-1636), a qual corresponde, de acordo com Evaldo Cabral de Mello (2007), à fase de conquista e consolidação das campanhas militares promovidas pela Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie – WIC) no atual nordeste brasileiro, a Capitania da Paraíba foi das quatro capitanias iniciais a serem conquistadas, a penúltima a se render. Isso ocorreu após três conflitos, dos quais os portugueses e espanhóis saíram vitoriosos em dois. A proposta deste estudo foi analisar como se desenvolveram as três expedições holandesas na Capitania da Paraíba, ocorridas em dezembro de 1631, e em fevereiro e dezembro de 1634; sua repercussão para a colônia, sua ligação com os conflitos ocorridos nas capitanias vizinhas de Itamaracá, Rio Grande e Pernambuco, e as dificuldades que os holandeses tiveram para conquistar a capitania paraibana, pois nossas conclusões revelam que a empresa bélica empreendida pela WIC para conquistar a Paraíba, consistiu em um dos vários desafios que a Companhia enfrentou nestes primeiros anos. Este estudo foi pautado sobre a análise de quatro fontes primárias, escritas por personagens que participaram do evento em questão: a relação escrita por frei Paulo do Rosário, OSB (1632); o diário de viagem escrito pelo soldado alemão Ambrósio Richshoffer (1677), o qual serviu no exército da WIC; as memórias diárias do governador de Pernambuco Duarte de Albuquerque Coelho (1654), e os anais históricos de Joannes de Laet (1644), um dos diretores da WIC, em Amsterdã, o qual não foi testemunha direta. Tais fontes expressam os pontos de vista do lado português e do lado holandês, de forma a se construir um relato sobre tais conflitos comparando as narrativas dos dois lados do campo de batalha. Para a abordagem destas fontes, optou-se por uma metodologia de análise de discurso e análise literária, a fim de compreender as variações textuais e discursivas de cada um dos autores, evidenciando como seus valores interferiram em suas opiniões e juízos acerca de tais batalhas. No caso da análise dos conflitos, estes foram pautados na abordagem da “nova história militar”, campo de estudo surgido na esteira da “nova história”, o qual procura repensar o estudo das forças armadas e da guerra, não se limitando à história tradicional da guerra, pautada nas batalhas e em fatores políticos e econômicos, mas procurando compreender a guerra nos seus preceitos sociais, culturais, religiosos entre outros.
Palavras-