A radioiodoterapia (RIT) para hipertireoidismo é feita ambulatorialmente há cerca de 70
anos, com poucas restrições quanto à segurança radiológica dos familiares de convívio
domiciliar. Diante disso, o objetivo do estudo foi avaliar o impacto radiológico da RIT
para hipertireoidismo por meio de levantamento das exposições no ambiente domiciliar
destes pacientes nos primeiros seis dias pós-tratamento, para servir como um parâmetro
real na tomada de decisões relacionadas com a conduta terapêutica e estabelecimento de
novas recomendações práticas e seguras desta terapia. Dosímetros termoluminescentes
TLD-100 foram colocados nos acompanhantes e nos ambientes domiciliares de 25
pacientes hipertireóideos tratados com atividades de 555 MBq (n=9), 740 MBq (n=7) e
1110 MBq (n=9). Além disso, foram verificadas as contaminações superficiais de
objetos e materiais desses pacientes. As doses efetivas obtidas por meio dos TLDs-100
foram de 0,9 mSv, 0,6 mSv e 0,2 mSv, para atividades administradas de 555 MBq,
740 MBq e 1110 MBq, respectivamente. Os valores médios de equivalente de dose
ambiental dos locais mais frequentados dos pacientes, como quarto, cozinha, banheiro e
sala foram de: 2,11; 0,15; 0,20 e 0,44 mSv, respectivamente. A monitoração de objetos
e materiais de âmbito domiciliar para cada grupo de atividade 555, 740 e 1110 MBq
variaram de valores indetectáveis até próximos a 150 Bq.cm-2. No Brasil, a norma 3.05
da Comissão Nacional de Energia Nuclear estabelece que pacientes tratados com 131I
possam realizar terapia com atividades até 1850 MBq, em regime ambulatorial, sem
nenhuma restrição de isolamento. Além disso, a norma 3.01da Comissão nacional de
energia Nuclear estabelece os limites de dose efetiva para indivíduos do público e
acompanhantes/voluntários, como sendo de 1 mSv e 5 mSv por ano, respectivamente.
Comparando a população estudada com a norma vigente, apenas duas acompanhantes
de pacientes ultrapassaram o limite estabelecido. Pressupõe-se que o contato físico
próximo e constante delas aos pacientes, em consequência da exiguidade do espaço
domiciliar, resultou nessas doses efetivas. Conclui-se que o tratamento do
hipertireoidismo em regime ambulatorial com atividades de até 1.110 MBq, foi
realizado de forma segura e forneceu informações úteis sobre a proteção e exposição
dos familiares e acompanhantes de pacientes.