As questões ambientais que envolvem a produção de concreto vêm sendo muito estudadas, uma vez que o consumo elevado de cimento Portland causa impactos ambientais. A produção de cimento é responsável por cerca de 7% das emissões de gás carbônico (CO2) na atmosfera, geradas por processos industriais no mundo, necessitando também de um alto consumo energético. Uma forma de amenizar isso é investir no produto final, o concreto, consolidando
técnicas que envolvam a produção de composições ambientalmente sustentáveis. A redução do consumo de cimento consiste em uma alternativa interessante, principalmente quando se associa esta à utilização de um subproduto pozolânico, como a sílica de casca de arroz. Por esta adição ser um resíduo, é importante que seja prevista a sua destinação correta. No concreto, em substituição parcial do cimento, esse material pode promover o refinamento dos poros e a consequente alteração das propriedades mecânicas e de durabilidade. Por conseguinte, o presente trabalho tem por objetivo utilizar um método de dosagem baseado em técnicas de empacotamento de partículas para dosar, produzir e avaliar as propriedades de um concreto ecológico, cujo consumo de cimento Portland tenha sido reduzido por consequência da aplicação do método de dosagem. Foram realizados estudos de otimização dos agregados e de materiais finos (sílica de casca de arroz e pó de quartzo) para reduzir a quantidade de vazios no concreto e substituir o cimento Portland. As propriedades avaliadas, no estado fresco, foram a consistência, através de slump test, e a massa específica. No estado endurecido, foram estudadas as propriedades de resistência à compressão, resistência à tração por compressão diametral e massa específica. Além disso, foram executados ensaios de absorção de água por imersão e capilaridade, resistividade elétrica e módulo de elasticidade dinâmico através de ultrassom. Estes ensaios estão associados à durabilidade do concreto. As propriedades do concreto ecológico foram, então, comparadas com as obtidas para um concreto convencional. Como resultado do estudo, foi possível produzir dois concretos, cujos consumos de cimento foram reduzidos em 115 kg/m³ (Concreto Ecológico A) e 163 kg/m³ (Concreto Ecológico B). No estado fresco, ambos apresentaram consistência seca, sendo necessário acrescentar aditivo superplastificante e alterar a quantidade de golpes para o adensamento, tendo em vista a elevada compacidade do esqueleto granular. Entretanto, o Concreto Ecológico B apresentou resistência à compressão, aos 28 dias, de 31,0 MPa, estatisticamente equivalente ao concreto de referência que alcançou 35,2 MPa, enquanto que o Ecológico A resultou em 54,1 MPa. Tendências similares foram observadas para o ensaio de resistência à tração. Os ensaios de durabilidade demonstraram baixa porosidade dos concretos ecológicos em relação ao de referência. Por fim, os concretos ecológicos se apresentaram mais caros que o convencional devido ao valor elevado das adições, porém ambos representaram economia de cimento, devido à redução no consumo.