O ambiente altamente competitivo no qual estão inseridas as organizações contemporâneas tem dado origem a diferentes estratégias para manter níveis de desempenho cada vez mais elevados. A organização como um todo tem sido alvo de diagnósticos, buscando promover uma sinergia de esforços que permitam atingir níveis de excelência. Também se insere nessa lógica a preocupação com os membros da organização. Assim, tem sido recorrente o esforço na busca de variáveis que possam influenciar os membros de uma organização, de forma tanto positiva como negativa, para o alcance das metas organizacionais e a preservação de índices satisfatórios de saúde e qualidade de vida. Para tanto, a organização é pensada, sendo desenvolvidas normas para seu funcionamento. Quando isso não acontece há diversos prejuízos para os trabalhadores e para a organização como um todo. Nesse sentido, o presente estudo buscou investigar o impacto da anomia organizacional sobre o autoconceito profissional de trabalhadores. A anomia organizacional descreve uma situação de não funcionalidade das normas, gerando desorientação e estresse ao trabalhador, que não tem clareza sobre como se comportar e nem do que esperar de subordinados, colegas, chefes e da organização como um todo. O autoconceito profissional se refere a autoavaliação que o indivíduo faz de si mesmo enquanto trabalhador. A lógica é que quanto melhor se avalia, melhor se vê diante do ambiente, maior satisfação tem em seu trabalho, maior comprometimento e melhores índices da saúde e qualidade de vida. Participaram do estudo 414 trabalhadores de diferentes organizações do estado do Rio de Janeiro. Destes, 62% eram mulheres e 38,8% homens, com idade variando de 18 a 74 anos, de empresas públicas (41,2%) e privadas (57,1%). 20,5% possuem o ensino médio; 51,6% nível superior, 26,3% pós graduação. Os participantes preencheram um instrumento composto de 3 partes. Um questionário sociodemográfico, a Escala de Anomia Organizacional (unifatorial: 16 itens) e a Escala de Autoconceito Profissional, contando com 23 itens, distribuídos em 3 fatores: Realização (8 itens), Autoconfiança (9 itens) e Competência (6 itens). Ambos os instrumentos são do tipo Likert com 5 pontos. O estudo foi aprovado em comitê de ética e os participantes preencheram os instrumentos em formato eletrônico. Antes da análise dos dados foi realizada uma análise fatorial confirmatória (AFC) dos instrumentos. Posteriormente foi testado o modelo de impacto da anomia organizacional sobre o autoconceito profissional. Os resultados confirmaram a relação hipotetizada entre as variáveis de forma parcial, uma vez que houve influência significativa da anomia organizacional sobre os fatores Realização e Competência. Entretanto, em relação à Autoconfiança, tal influência não foi significativa (p < 0,05). Os principais índices de ajuste do modelo apresentaram os índices adequados segundo a literatura (X2/gl, AGFI, GFI, TLI, CFI, RMR e RMSEA). Não foram encontradas diferenças significativas entre homens e mulheres ou entre trabalhadores de diferente grau de escolaridade. A idade e o tempo de serviço se correlacionaram de forma significativa negativa com a anomia e de forma significativa positiva com o autoconceito profissional. Trabalhadores de Empresas privadas foram significativamente superiores em Competência e Autoconfiança. Os resultados devem ser compreendidos com cautela, sendo sugerida a realização de estudos futuros que possam contribuir para uma melhor compreensão da relação entre as variáveis.