A dengue pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivírus e é uma infecção viral transmitida por mosquitos. A doença pode ser originada por qualquer um dos quatro sorotipos DENV que podem ser categorizados em: DENV-1, DENV-2, DENV-3, e DEN-4. O principal vetor é o Aedes aegypti, seguido pelo Aedes albopictus, sendo a propagação da dengue atribuída à expansão de nichos dos vetores, bem como, pelo comércio global e aumento de viagens, a urbanização não planejada, e má gestão de resíduos e água. Dessa forma, o clima é considerado um fator importante na distribuição temporal e espacial das doenças transmitidas por vetores. Apesar de ser a arbovirose mais prevalente em todo o mundo, a dengue tem sido negligenciada nos últimos anos. Devido a recentes surtos epidêmicos de diferentes arbovírus, como zika (ZIKV) e chikungunya (CHIKV) em todo o mundo, houve um alerta para as autoridades de saúde em relação a transmissão e propagação das arboviroses. Assim, este estudo avaliou a classificação e as características clínicas dos casos de dengue, obtidas a partir das fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A incidência mensal de casos de dengue foi calculada pela população do ano/100.000 habitantes. A detecção e genotipagem dos sorotipos DENV utilizou a técnica nested RT-PCR, entre 2007-2015, e em 2016 para diagnóstico diferencial foi realizada a técnica PCR em tempo real (qPCR) para ZIKV e CHIKV. Além disso, este trabalho analisou a correlação entre a precipitação pluviométrica e casos de dengue entre 2007 e 2015, na cidade de João Pessoa - PB, Nordeste do Brasil. Os dados de precipitação foram coletados mensalmente através da sonda TRMM. A fim de identificar a influência dos casos de chuva e dengue, foram considerados diferentes modelos de defasagem distribuída. Os resultados mostraram que, em relação ao período de 2007 a 2015, foram notificados 55680 casos confirmados de dengue na Paraíba. Houve uma maior prevalência de infecção em indivíduos com idade entre 15-34 anos, em todos os anos estudados. Nossos resultados demonstraram a ocorrência da correlação (r ˃0.50) entre a precipitação e casos de dengue, esses apresentaram um aumento nos primeiros meses após o período chuvoso, demonstrando, pois resultados mais significativos ao considerar um lag de três meses. O DENV-1 foi o vírus mais prevalente (80,48%) em todos os anos estudados e a co-circulação dos quatro sorotipos DENV foi observada em 2010, 2013 e 2014. Além disso, observou-se a circulação simultânea de casos de dengue, zika e chikungunya em 2016, demonstrando a predominância dos casos de zika, seguido dos casos de chikungunya. Portanto, a caracterização molecular e a análise de correlação entre número de casos de dengue e precipitação pluviométrica são ferramentas importantes no futuro desenvolvimento de predição não só de casos de dengue, como também das arboviroses emergentes no estado da Paraíba, como a zika e a chikungunya