Nunes, Thiago Coronato. Investigação sobre queixas de memória e transtornos
associados em acadêmicos de medicina da Universidade Federal Fluminense.
2016. Dissertação (Mestrado em Ciências Biomédicas) - Instituto Biomédico,
Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ. 2016.
Introdução: É comum a queixa de dificuldade de memória em jovens, levando muitos
deles a automedicação com estimulantes como o metilfenidato. Objetivos: Encontrar
a prevalência de queixas de memória em estudantes de medicina, e sua
comorbidade com transtornos de humor, ansiedade e de uso de substâncias.
Metodologia: 59 estudantes do último ano de Medicina da UFF foram avaliados
através do Inventário de depressão de Beck, Inventário de ansiedade de Beck,
Questionário para triagem do uso de álcool, tabaco e outras substâncias (ASSIST),
Escala de queixas subjetivas de memória. Resultados: Investigamos 32 homens e
27 mulheres, com idade média de 25,7 anos, dos quais 61% apresentavam queixa
de memória, 54% consideravam que sua ansiedade atrapalhava seu desempenho,
10% apresentavam ideação suicida, 64% insônia significativa com 6,4 horas em
média de sono. Álcool (93%), tabaco (32%), maconha (27%) e hipnóticos/sedativos
(17%) foram as substâncias mais utilizadas nos últimos 3 meses. Não possuir
religião foi estatisticamente significante (Spearman p<0,05) com utilizar substâncias
psicoativas. Identificamos que quem tem ansiedade moderada a alta tem queixa de
memória (Fisher: p=0,0432). Discussão: O fator que apresentou relevância
estatística para piora da queixa de memória entre jovens acadêmicos de Medicina
foi a ansiedade, que parece ser negativa nos processos cognitivos da percepção
sobre a capacidade de memorização. Nenhum dos jovens investigados possuía
déficit real no seu desempenho acadêmico. Diferentemente dos problemas
cognitivos dos idosos, a queixa cognitiva dos jovens é relativa, relacionada com uma
percepção subjetiva e dependente do grau de ansiedade que estão apresentando.
Conclusão: Ansiedade demonstrou estar relacionada com queixas de memória em
jovens. Estimulantes, medicamentos que reconhecidamente aumentam a ansiedade
estão contra-indicados. É possível afirmar que a prescrição de alguns
antidepressivos, benzodiazepínicos em doses ansiolíticas ou outras medidas não
farmacológicas como a prática de “mindfulness" (atenção plena), sejam a medida
mais adequada nessas situações.