Nos últimos tempos, o Sistema Único de Saúde brasileiro vem
passando por várias inovações na gestão, na organização, no financiamento e em
seus serviços. Nesse contexto, avulta como importante o fortalecimento do sistema
de Atenção Primária à Saúde, que tem demonstrado a essência da efetividade do
cuidado, viabilizando uma abordagem integral às pessoas. Nesse sentido, é
necessário um eficiente acompanhamento do paciente, por meio dos instrumentos
de referência e contrarreferência. Objetivo: Analisar estratégias para implantação de
Sistema Eletrônico na Referência e Contrarreferência em Unidade de Saúde da
Família (USF) no município de Anápolis-Goiás. Material e Métodos: O estudo
realizado foi prospectivo, de intervenção não randomizada, desenvolvido em duas
das três USF da pesquisa. Os grupos experimentais e de controle foram escolhidos
com base em critérios de conveniência. Foram feitas visitas pela pesquisadora às
unidades de saúde, explanações sobre a pesquisa e solicitações de auxílio aos
profissionais. As intervenções foram realizadas por meio de estímulo e orientações
aos profissionais e aos pacientes. Utilizaram-se entre os instrumentos: Fichas de
Orientações e de Fluxo e Carta da Pesquisa. Em uma das USF Intervenção, foi
disponibilizado o Sistema Eletrônico de Referência e Contrarreferência. Realizou-se
o acompanhamento, nas USF do estudo e no Sistema Nacional de Regulação
(SISREG), do fluxo dos pacientes referenciados aos médicos especialistas no
período de 1º de agosto de 2012 a 1º de dezembro de 2012. Foram feitas, visitas
aos médicos especialistas que atenderam os pacientes referenciados e, ainda,
busca ativa de pacientes que não retornaram ou retornaram sem a contrarreferência
à USF de origem. Avaliou-se o número de referências, contrarreferências e os
motivos do não retorno dos pacientes e de contrarreferências às três USF do estudo.
Os dados obtidos foram analisados por meio do programa STATA, versão 11.0.
Resultados: Do total de 6.218 atendimentos médicos, foram realizados 532
encaminhamentos aos médicos especialistas e 492 acompanhamentos de
pacientes. A taxa de encaminhamentos foi de 8,56%. Foram solicitadas e
agendadas mais consultas nas USF Intervenção. Dos encaminhamentos realizados,
54,27% consultas foram agendadas. Destas, retornaram 11,61% pacientes às USF
de origem do encaminhamento. O tempo do retorno do paciente à USF de origem,
após a emissão do encaminhamento de referência variou de 6 a 110 dias. O retorno
Resumo xiv
dos pacientes à USF de origem ocorreu apenas nas USF Intervenção, e destes
pacientes, praticamente a metade retornou com a contrarreferência de forma
manual. Conclusões: O estudo evidenciou taxa de encaminhamentos de acordo
com os parâmetros internacionais; dificuldades de acesso às consultas
especializadas; baixo número de retornos de pacientes às USF de origem do
encaminhamento; como também, que orientações e estímulo aos profissionais e aos
pacientes influenciaram positivamente no retorno dos pacientes e de
contrarreferências às USF de origem. Acredita-se ser factível implantar o sistema de
referência e contrarreferência por meio eletrônico, que permite uma melhor
comunicação entre os profissionais de forma segura e rápida e uma maior
integração entre os serviços.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Referência e Contrarreferência.
Tecnologia em Saúde.