As duas espécies alvo deste trabalho, Micranthocereus flaviflorus subsp.
densiflorus (Buining & Brederoo) P.J.Braun & Esteves e M. polyanthus subsp.
alvinii M. Machado & Hofacker, são endêmicas da Bahia e possuem potencial
ornamental. O objetivo do presente estudo foi estabelecer um protocolo para
micropropagação destas espécies e avaliar a estabilidade genética das plantas
originadas. Para tanto, o teste de reguladores vegetais na multiplicação in vitro
consistiu em um arranjo fatorial de 2x4 concentrações de reguladores vegetais:
ANA (0 e 1,34 μmol L-1) e KIN (0; 6,74; 20,22 e 40,44 μmol L-1) em meio MS/2
(MURASHIGE & SKOOG, 1962). Brotos originados deste experimento foram
inoculados em meio com 1,34 μmol L-1 de ANA para indução de morfogênese,
nas mesmas condições anteriores. Isto foi repetido até se obter três gerações de
brotos consecutivas, denominadas por ordem de geração como F1, F2 e F3. Foi
avaliada a manutenção do potencial de morfogênese ao longo de três ciclos
consecutivos de multiplicação in vitro. Brotos oriundos da multiplicação in vitro
possuindo diferentes tamanhos foram retirados dos explantes e diretamente
semeados em copos plásticos para que sua sobrevivência fosse avaliada. Na
multiplicação in vitro das duas espécies estudadas, a associação da maior
concentração de KIN (40,44 μmol L-1) a 1,34 μmol L-1 de ANA reduziu
significativamente o numero de brotos formados por explante. Sugere-se a
utilização de 1,34 μmol L-1 de ANA para a multiplicação in vitro de ambas as
espécies. Ocorreu manutenção do potencial morfogênico e aceleração da
resposta organogênica ao longo de três eventos subsequentes de multiplicação in
vitro, portanto quando o material vegetal utilizado como fonte de explantes forem
brotos, a multiplicação in vitro de M. flaviflorus pode ser alcançada em 90 dias e a
de M. polyanthus pode ser otimizada para 60 dias de duração. O tamanho dos
brotos foi determinante para a sua sobrevivência durante a aclimatização, e, por
isso, recomenda-se a utilização de brotos com comprimento maior ou igual a 0,6
cm e 1,5 cm para M. flaviflorus e M. polyanthus, respectivamente. Para análise da
estabilidade genética ao longo das gerações foram utilizados marcadores ISSR,
tendo a variação genética entre os brotos de cada geração e suas respectivas
plantas matriz sido estimada através do coeficiente de similaridade de Jaccard.
Esta análise revelou alta estabilidade genética na multiplicação in vitro para a
grande maioria das plantas matriz de M. flaviflorus (73,7%) e M. polyanthus
(83,3%) em relação a três gerações consecutivas de brotos, com similaridades
médias variando entre 97,7% e 100% para ambas as espécies. Sugere-se
estudos com um maior número de gerações para avaliação do potencial
morfogênico e fidelidade genética a longo prazo.