Introdução: Candidemia é a doença fúngica invasiva mais frequente em pacientes
hospitalizados e importante causa de mortalidade. Esse estudo teve como objetivo
analisar mudanças na epidemiologia da candidemia em um hospital terciário, e
identificar fatores associados com óbito. Métodos: Analisamos todos os episódios
de candidemia diagnosticados entre 1996 e 2013 no Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho, dividindo o período do estudo em: 1996 a 2001 (período 1),
2002 a 2007 (período 2) e 2008 a 2013 (período 3). Resultados: Foram observados
290 episódios de candidemia, com incidência de 1,27 episódios por 1000
admissões, sem mudança significativa nos 3 períodos. Candida albicans (37,6%), C.
tropicalis (26,5%), C. parapsilosis (19,3%) e C. glabrata (6,8%) foram as espécies
mais frequentes. Uso prévio de fluconazol esteve associado a uma maior frequência
de candidemia por C. glabrata ou C. krusei (18,8% versus 7,8% em pacientes sem
exposição a fluconazol; p=0,05). A proporção de pacientes tratados aumentou ao
longo do tempo (62,6%, 78% e 83,9% nos períodos 1, 2 e 3, respectivamente;
p=0,004), com redução no uso de anfotericina B desoxicolato (51,7%, 14,6% e
21,2%) e aumento na utilização de equinocandinas (0%, 1,9% e 17,3%; p<0,001). O
escore APACHE II foi aumentando ao longo dos 3 períodos (medianas de 16, 17 e
20; p=0,001). A mortalidade global em 30 dias foi de 57,2%, sem variação ao longo
dos períodos estudados. Variáveis associadas com óbito em 30 dias foram APACHE
II (razão de chance [RC] 1,125; intervalo de confiança a 95% [IC 95%] 1,075 –
1,178) e candidemia por C. parapsilosis (RC 0,247; IC 95% 0,103 – 0,588).
Remoção precoce (em 48 horas do início do tratamento) de cateter venoso central
não teve impacto na sobrevida. Conclusões: Apesar da gravidade dos pacientes ter
aumentado, a mortalidade não aumentou. APACHE II e candidemia por C.
parapsilosis foram preditores de mortalidade.