A geração de resíduos de construção e demolição (RCD) pelas empresas construtoras é uma grave questão, sendo necessário dar-lhes uma destinação adequada. Assim, cresce o número de usinas de reciclagem de RCD, para produção de agregados reciclados (AR). Estas instalações recebem resíduos de várias fontes, cuja diversidade de composição, pode influenciar fortemente no comportamento dos agregados para argamassas e concretos. A variabilidade de composição leva à diminuição da qualidade do agregado produzido, restringindo-os a aplicações de baixa exigência de desempenho. Neste trabalho, agregados produzidos por uma usina de reciclagem do Estado de Sergipe foram caracterizados, física e químicamente, tendo como referência a norma brasileira NBR 15116, visando à aplicação em concretos. Foram feitas duas coletas dos agregados reciclados, com intervalo de seis meses, obtendo-se três frações granulométricas para cada coleta, correspondentes a areia, brita 0 e brita 1. Para cada amostra coleta, determinou-se a composição gravimétrica dos agregados reciclados graúdos por análise visual. Para as duas coletas, os agregados graúdos foram classificados como agregado de resíduo misto (ARM). De acordo com a norma NBR 15116, exceto pela presença de torrões de argila acima do prescrito, os agregados obtidos nas duas coletas estariam aptos à aplicação em concretos não estruturais. Ensaios de determinação de atividade pozolânica com esses agregados mostraram que os finos dos ARM apresentaram índice de desempenho superior a 83%. Os concretos com ARM miúdos apresentaram bons resultados de resistência à compressão, chegando a até 18,06% de acréscimo em relação ao concreto de referência, enquanto que os concretos com graúdos obtiveram redução de até 20,58%. Um processo de envelhecimento acelerado dos concretos com ARM levou a reduções de resistência entre 14,43% e 40,94%, enquanto que essa redução foi de 7,31%, para o concreto de referência. Dentre as propriedades físicas dos concretos, as misturas com 100% e 50% de substituição do agregado convencional, tanto miúdos, como graúdos, apresentaram, respectivamente, o maior e o menor aumento de absorção de água de 127% e 22,7%, em relação à referência. Para a massa específica real dos concretos, a maior redução foi observada para o concreto com 100% de substituição de agregados miúdos e graúdos, com ARM da segunda coleta, com valor de 11,32%. Medidas de resistência à tração por compressão diametral mostraram que apenas os quatro concretos com substituição total de ARM graúdos apresentaram redução, com valores entre 5,24% e 19,48%, em relação à referência. Os demais concretos obtiveram resultados similares ou superiores. A maior variação, entre as duas coletas, nessa propriedade, foi de 13,17%. A inserção de agregados graúdos de RCD resultou em redução do módulo de elasticidade dos concretos com ARM, em relação ao concreto de referência. As reduções obtidas para esses concretos, nessa propriedade, ficaram no intervalo de 15,76% a 40,62%. A maior variação dessa propriedade, de 13,34%, entre os concretos com agregados obtidos nas duas coletas, foi para o concreto com substituição de 100% de agregado miúdo. A variabilidade observada nas propriedades dos ARM e dos concretos produzidos não foi insignificante, mas não foi considerada inviabilizadora da produção dos concretos, pois foram obtidos resultados satisfatórios dos concretos com ARM, principalmente, com ARM miúdos.