O presente trabalho teve como objetivo investigar as percepções de sucesso na carreira e os fatores determinantes da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e as possíveis relações entre os dois construtos. O foco
do estudo é a carreira de médicos, dada a importância desse profissional para a sociedade e por ele conviver
com fatores estressantes, tais como: contato com a dor, com a doença e a morte, comportamento hostil,
intolerante ou resistente aos tratamentos de determinados clientes, além de expectativas depositadas na sua
figura profissional, seja pelo paciente, seja pelos parentes ou pela instituição, enfim, pela sociedade. Há ainda o despreparo de médicos, especialmente dos mais jovens, para enfrentarem os desafios do desenvolvimento de
uma carreira bem-sucedida. Foi feito um estudo com 223 médicos de Belo Horizonte que atuam no setor
privado e no setor público, mediante a aplicação dos seguintes questionários: Avaliação da Qualidade de Vida
no Trabalho de Walton, adaptada por Timossi (2009) e a Escala de Percepção de Sucesso na Carreira (EPSC)
elaborada, validada e traduzida para o português por Costa (2011), além de um questionário de perfil
profissional. No que diz respeito aos procedimentos metodológicos, a pesquisa é de natureza descritiva e
explicativa e com abordagem quantitativa. Para comparar as percepções de qualidade de vida no trabalho e
sucesso na carreira entre os níveis das variáveis categóricas, foram utilizados os testes de Mann-Whitney
(HOLLANDER e WOLFE, 2013) e Kruskal-Wallis (HOLLANDER e WOLFE, 2013), sendo que, quando o
teste de Kruskal-Wallis indicou diferença significativa, foi utilizado o teste de Nemenyi (HOLLANDER e
WOLFE, 2013) para as comparações múltiplas. Enquanto para avaliar a relação entre as percepções e as
variáveis numéricas, foi utilizada a correlação de Spearman (HOLLANDER e WOLFE, 2013).O software
utilizado nas análises foi o R (versão 3.3.1). O principal objetivo foi relacionar a percepção de sucesso na
carreira com QVT, e os resultados encontrados demonstraram que, quanto maior a Qualidade de Vida no
Trabalho, maior será a percepção de sucesso objetivo na carreira e, quanto maior a qualidade de vida no
trabalho, maior será a percepção de sucesso subjetivo na carreira. Com os resultados estatísticos foram
validados dois modelos estruturais, com gof GoF = 35,8 e GoF de 44,12%. No que se refere às análises
confirmatórias dos dois modelos, todos os constructos apresentaram os índices de confiabilidade A.C. e C.C.
acima de 0,60, indicando que os constructos atingiram os níveis exigidos de confiabilidade. No que se refere à
análise fatorial, os resultados encontrados na presente pesquisa foram similares com os de Timossi e outros
(2009), tendo em vista que os alfas de Cronbach foram similares nos dois trabalhos, sendo os desses autores
ligeiramente maiores. Como resultado foi identificado que os médicos especialistas, do sexo masculino, com
maior idade e com filhos são os que têm o perfil para obter sucesso subjetivo (satisfação média
significativamente maior) e objetivo (menor insatisfação média) na carreira e maior qualidade de vida do
trabalho (satisfação média significativamente maior). Além disso, confirmou-se também que a grande maioria
dos profissionais médicos está trabalhando mais (aumento da jornada de trabalho) e, em consequência disso, a
remuneração está aumentando para manter o padrão de renda desejável, fato que pode prejudicar a qualidade
de vida desses profissionais potencializando as possibilidades de adoecimento e a percepção de sucesso na
carreira. Para estudos futuros, recomenda-se que sejam verificadas as outras dimensões de sucesso na carreira
com a escala de Costa (2011), tendo em vista que o presente estudo só explorou a objetiva e a sujetiva.