Mato Grosso do Sul conta com 22 unidades sucroalcooleiras em atividade, das quais 12 que produzem etanol e açúcar e 10 destilarias, que produzem somente etanol. Todas essas unidades geram eletricidade para uso próprio, suficiente para processar açúcar e destilar etanol. Usam o bagaço gerado na própria unidade como combustível. Como terceiro produto, 12 produzem energia elétrica excedente a partir de unidades termoelétricas anexas, que comercializam no Sistema Interligado Nacional (SIN). O estado produz energia elétrica a partir de uma matriz semelhante à nacional, com maior porcentual obtido em hidroelétricas. Do total gerado é descontado o consumo do estado, e o excedente é injetado no SIN. Considerando a baixa concentração populacional do estado, destacou-se o fato de que, mesmo com seu Produto Interno Bruto baseado em atividades do agronegócio, o consumo da classe rural foi o que apresentou menor consumo, entre as quatro classes de consumidores. Esse fato sugere que as atividades do agronegócio do estado não exploram de forma significativa as tecnologias que dependem de energia elétrica. A pesquisa teve como objetivo geral estabelecer e analisar o potencial da produção de energia elétrica da biomassa cana-de-açúcar no estado do Mato Grosso do Sul e, comprovado o potencial, investigar a possibilidade de uso de energia elétrica de cogeração para impulsionar o agronegócio. A capacidade instalada das unidades sucroalcooleiras do estado é suficiente para moer e processar toda a cana plantada da safra. Apenas o bagaço a com 50% de umidade permitiria gerar energia elétrica suficiente para suprir a energia que foi retirada do SIN no mesmo período. Como o bagaço gerado já tem condições de suprir o estado, o palhiço permanece apenas como combustível potencial, o que explica porque uma usina usou a mistura de 30% de palhiço com 15% umidade com bagaço de 50% de umidade, limite técnico das caldeiras disponíveis. Isto ocorre porque restam a ser solucionados problemas com a coleta, transporte e uso do palhiço no sistema de geração de energia. Ainda, no período de 2013 a 2015 a geração de energia de bagaço esteve abaixo do potencial calculado, mesmo quando o preço da energia elétrica permaneceu atraente. Na questão de uso da energia elétrica gerada do bagaço, a irrigação dos cultivos de soja e milho seria uma opção, pois a maioria das unidades sucroalcooleiras está localizada na região de Dourados, onde se concentram as unidades sucroalcooleiras. No entanto, os subsídios praticados sobre os preços de energia elétrica impedem essa opção. Outro resultado mostrou que para a comercialização da energia elétrica da cana-de-açúcar as empresas recorrem a contratos bilaterais de longo prazo, realizados no Ambiente de Contratação Regulado e, para uma delas, no Ambiente de Contratação Livre. Essas opções oferecem as garantias necessárias, uma vez que as unidades sucroalcooleiras devem fazer grandes investimentos para gerar e comercializar energia. Além dos contratos de longo prazo, todas elas recorrem também ao mercado de curto prazo (spot) para aproveitar o Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) quando o preço pago pelo MWh é atrativo. De forma geral conclui-se que o potencial estabelecido para a biomassa da cana-de-açúcar poderá tornar o estado autossuficiente em energia elétrica renovável, o que justifica que sejam recomendadas politicas públicas para melhor aproveitamento dessa biomassa.