O presente estudo objetivou avaliar a conformidade da prática assistencial da equipe de
enfermagem no manuseio do cateter vascular central. Trata-se de um estudo descritivo,
prospectivo, observacional realizado na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital referência
do estado de Sergipe. A coleta de dados ocorreu de janeiro a março de 2016, nos três turnos de
trabalho, a partir da observação direta e estruturada dos procedimentos envolvendo a manipulação
do cateter vascular central. A amostra foi não probabilística, do tipo intencional e constituiu-se das
oportunidades de observação de três procedimentos executados pela equipe de enfermagem:
administração de medicamentos, troca de equipo e troca de curativo. Para análise dos dados foram
calculadas as taxas de conformidade geral e específica, a partir dos indicadores de processo
recomendados pela ANVISA, sendo estabelecido um Índice de Positividade (IP) igual ou maior
que 80%, que corresponde a uma assistência segura. Foram realizadas também associações entre
as variáveis (categoria profissional, turno e sexo) e os três procedimentos observados
(administração de medicamentos, troca de equipo e troca de curativo) a partir do teste de Qui-
Quadrado e Exato de Fisher, adotando um nível de significância de 5%. O projeto foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe e os profissionais de
enfermagem assinaram o TCLE, consentindo a observação de suas práticas assistenciais. Foram
realizadas 912 observações do cuidado, envolvendo a manipulação do cateter vascular central, 378
(41,4%) observações de administrações de medicamentos, 267 (29,3%) de trocas de equipe e 267
(29,3%) de troca de curativos. Foram observados 72 profissionais, sendo a maioria do sexo
feminino 54 (72%). Do total de profissionais 55 (76%) eram Técnicos de Enfermagem e 17 (24%)
eram Enfermeiros, distribuídos entre os turnos da manhã, 16 (22%), da tarde, 13 (18%) e da noite,
43 (60%). A conformidade geral almejada não foi alcançada nos três procedimentos observados,
evidenciando uma assistência classificada como indesejada. No que se refere à administração de
medicamentos, 3 (33%) ações observadas alcançaram conformidade específica almejada pelo
estudo, a troca de equipo, 2(25%) e a troca de curativo, 8 (72%) ações apresentaram conformidade
maior ou igual a 80%. As ações envolvendo a higienização das mãos antes do procedimento
asséptico apresentaram menor taxa de conformidade específica nos três procedimentos. Quando
associadas as variáveis turno de trabalho e sexo do profissional de enfermagem aos procedimentos
avaliados, o turno da noite e os profissionais de enfermagem do sexo masculino apresentaram
maioria das ações em conformidade. Não houve diferença entre as categorias profissionais
Enfermeiro e Técnico de Enfermagem. Evidenciou-se que as conformidades dos procedimentos
observados se encontram aquém do esperado, demonstrando a importância da avaliação dos
processos de trabalho para a melhoria do cuidado. Os dados encontrados contribuirão para a
elaboração de estratégias educativas capazes de assegurar a melhoria das práticas assistenciais,
corrigindo as vulnerabilidades encontradas no estudo.