O objetivo do presente trabalho foi avaliar a percepção estética de pacientes com hipomineralização molar-incisivo (HMI) e de seus responsáveis, bem como verificar o possível impacto da HMI em sua condição psicossocial antes e depois de seu tratamento. Além disso, verificou-se também uma possível correlação entre cárie dentária e HMI.Para este fim, foram avaliadas 56 crianças/adolescentes com idades entre 7 e 14 anos, divididas em dois grupos: grupo caso (crianças portadoras de HMI n=28) e grupo controle (crianças sem HMI n=28), além de seus responsáveis. Os critérios de exclusão foram ausência de curso de alfabetização, pacientes com comprometimento sistêmico e/ou cognitivo, com história de trauma dentário e aqueles em tratamento ortodôntico. A coleta
de dados foi realizada por um único examinador treinado e calibrado (teste Kappa=0,88) através de exame clínico e aplicação de questionários. Na avaliação da percepção estética foi utilizado o questionário The Child and Parent’s Questionnaire of Teeth Appearance devidamente validado e adaptado ao contexto brasileiro. Esse instrumento compreende questões de ordem física, psicológica e social, além das percepções sobre aparência (manchamento, cor, condição, alinhamento e saúde dos dentes). As opções de resposta foram em forma de múltipla escolha, apresentadas por uma escala de graduação variando da melhor condição (0) a pior condição (4). Além disso, os responsáveis responderam a um questionário semi-estruturado contendo dados pessoais, renda familiar e o nível de escolaridade dos pais. Para o diagnóstico do grau de severidade de HMI foi utilizado o critério da EADP (European Academic of Paediatric Dentistry) (graus leve e severo). O índice utilizado para a experiência de cárie dentária foi o CPO-D (dente cariado, perdido e obturado). Foram aplicados os testes do Quiquadrado, o teste T- student, regressão logística e teste Correlação de Spearman com o nível de significância de 5%. O gênero predominante nos pacientes foi o masculino (n = 35; 62,5%) e nos responsáveis, o feminino (n = 49; 87,5%). O nível sócio econômico, sexo e etnia não foram associados à HMI (p=0,77, p=0,41 p= 1,0, respectivamente). Em
relação à severidade da HMI, 64,3% (n= 18) das crianças apresentaram grau leve. As crianças com HMI apresentaram uma insatisfação com as manchas em seus dentes (p=0,01). Porem não houve uma diferença estatisticamente significativa nas ordens física,psicológica e social (p = 0,17) entre as crianças. A HMI foi percebida pelos responsáveis (25,07 ±3,72), impactando sua condição psicossocial (p=0,03). Após o tratamento da HMI, houve uma melhora na percepção estética nas crianças (1,29±0,43) e nos seus responsáveis (2,43±1,0). Não houve correlação entre o CPOD e a HMI (p = 0,80). Conclui-se que a HMI foi percebida por crianças e responsáveis, impactando
principalmente os responsáveis em relação às características físicas, psicológicas e sociais. O tratamento da HMI foi percebido por ambos, crianças e seus responsáveis, melhorando sua condição psicossocial. Não houve correlação entre a experiência de carie e HMI.