É cada vez mais evidente a necessidade de se produzir quantidades suficientes de proteínas, solúveis e biologicamente ativas, em diferentes sistemas heterólogos. Esse fato é considerado fundamental para o desenvolvimento da biotecnologia moderna, tendo em vista o crescente uso de proteínas recombinantes em laboratórios de pesquisa e para aplicações terapêuticas. Contudo, alguns obstáculos são enfrentados na produção de proteínas heterólogas quando se deseja uma produção com alta quantidade e ao mesmo tempo com boa qualidade. O principal desafio é a escolha de um sistema de expressão heterólogo ideal, o qual inclui os elementos genéticos e o hospedeiro para a expressão. Hoje, sabe-se a grande influência que os elementos genéticos possuem na taxa de produção de uma proteína recombinante, sendo possível otimizar esses elementos graças aos avanços na área da biologia sintética. Estudos de dados da literatura, realizados pelo nosso grupo de pesquisa, permitiram a construção de um novo vetor de expressão (pOPT 1.0) apresentando novas partes biológicas padronizadas, incluindo um promotor T7 modificado, com o objetivo de melhorar a expressão de proteínas recombinantes em sistemas bacterianos. Além disso, foi inserido nesse vetor de expressão um novo módulo de clonagem, contendo a sequência codificadora do gene repórter superfolderGFP (sfgfp), flanqueada por elementos genéticos que permitem a substituição facilitada por qualquer outro gene de interesse. A funcionalidade desse novo vetor foi avaliada em diferentes linhagens de E.coli, por meio da expressão da proteína repórter sfGFP. Os clones selecionados após a transformação foram cultivados em meio LB (Luria-Bertani) e a indução da expressão da proteína recombinante foi testada em diferentes fases do crescimento bacteriano e com diferentes concentrações do agente indutor Isopropil-β-D-tiogalactosídeo (IPTG). A produção da proteína sfGFP foi avaliada através da quantificação da intensidade de fluorescência e por eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE 12%). Adicionalmente, avaliou-se a solubilidade da proteína produzida e a confirmação foi realizada por ensaio de Western Blot. Foram utilizados dois plasmídeos controles positivos nos experimentos: um primeiro para comparar a expressão da sfGFP durante a indução (Controle BBa_I746909 - sequência codificadora da sfGFP), e um segundo controle para comparar o rendimento da produção da sfGFP no final da indução (Controle BBa_K567018 - sequência codificadora da enhanced GFP, 6xHis N-terminal). O maior rendimento de produção na forma solúvel da proteína repórter sfGFP, de ~ 28 kDa, ocorreu na linhagem BL21(DE3) de E. coli de acordo com a análise do SDS-PAGE 12%, Western Blotting e os valores das medidas da intensidade de fluorescência. Ao comparar a intensidade de fluorescência emitida pelas bactérias transformadas com o pOPT 1.0 ao final da indução (70,63 ± 1,62 U.A.) com o controle positivo BBa_I746909 (59,63 ± 2,00 U.A.), verificou-se uma intensidade de fluorescência mais elevada proveniente da cultura contendo o vetor pOPT 1.0, indicando uma maior produção da sfGFP a partir desse novo vetor. A análise no SDS-PAGE 12% e no programa ImageJ, também levou a essa conclusão. O novo vetor de expressão (rendimento – 188 mg/L de cultura) teve um rendimento de produção mais elevado que o controle positivo BBa_K567018 (rendimento 108 mg/L de cultura), controlado por um promotor T7 selvagem. Portanto, foi possível expressar a proteína repórter sfGFP em um sistema bacteriano, com bom rendimento e qualidade, realizando combinações de novos elementos genéticos, o que valida o funcionamento do novo vetor de expressão pOPT 1.0. Porém, será necessário realizar testes com outras proteínas de interesse, consideradas de difícil expressão, para que esse novo vetor seja considerado mais viável que os vetores de expressão tradicionais já existentes no mercado.