O presente trabalho avaliou a mortalidade de suínos no pré-abate através de
análises anatomopatológica a fim de identificar as causas envolvidas. O estudo foi
realizado durante os períodos de verão e inverno do ano de 2015 em um frigorífico do
estado do Rio Grande do Sul que conta com Serviço de Inspeção Federal e está localizado
na região do Vale do Taquari. No verão, foram contabilizadas 141 mortes do total de
117.260 (0,12%), enquanto que, no inverno, foram 75 mortes do total de 127.286 (0,05%).
Dos 216 suínos mortos nos dois períodos, 170 foram submetidos a necropsia. Amostras
foram examinadas no laboratório do Setor de Patologia Veterinária da Faculdade de
Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre as causas de morte
diagnosticadas, as úlceras gástricas na região do quadrilátero esofágico e piloro foram as
mais frequentes, sendo 29,2% (31/106) no verão e 32,8% (21/64) no inverno. As
alterações pulmonares, como pneumonia enzoótica, influenza, broncopneumonia
bacteriana e pleurite, foram o segundo diagnóstico mais frequente, sendo observado
15,1% (16/106) no verão e 18,8% (12/64) no inverno. A insuficiência cardíaca, incluindo
pericardite bacteriana, endocardite bacteriana, cardiomiopatia hipertrófica, miocardite,
infarto do miocárdio e neoplasia, apresentou-se em uma frequência de 14,2% (15/106) no
verão e 9,4% (6/64) no inverno. A dilatação gástrica aguda causada pelo excesso de ração
no estômago também foi um importante diagnóstico obtido, sendo 8,5% (9/106) no verão
e 4,7% (3/64) no inverno. Rupturas de fígado foram observadas em 5,7% das mortes
(6/106) no verão e 7,8% (5/64) no inverno, enquanto que rupturas de baço foram
observadas em 0,9% das mortes (1/106) no verão e 1,6% (1/64) no inverno, representando
diagnósticos importantes, mas pouco descritos na literatura como causa de morte. A enteropatia
proliferativa foi diagnosticada em 5,7% dos casos (6/106) no verão e 4,7% (3/64) no
inverno. A torção de mesentério foi responsável por 3,8% (4/106) das mortes ocorridas
no verão e 6,2% (4/64) no inverno. Em menor frequência observaram-se as polisserosites,
presente em 2,8% (3/106) dos suínos mortos no verão e 3,1% (2/64) no inverno. Já a
fratura de fêmur somente foi observada em 0,9% dos casos (1/106) no período de verão.
Casos inconclusivos representaram 13,2% (14/106) no verão e 10,9% (7/64) no inverno.
Também se observou que a mortalidade pré-abate nas duas épocas do ano avaliadas
ocorre mais em suínos que estão no período de descanso (64,5% (139/216) do que durante
o transporte (35,5% (77/216).