Nesta pesquisa, privilegiei a trajetória do professor anarquista Joseph Jubert, em Bragança e segui seus rastros até Sorocaba e Bauru, cidades do interior do estado de São Paulo. Identifiquei, na singularidade de sua trajetória, ações que vieram ao encontro de potencialidades que ampliaram meu olhar para a história da educação. Potencialidades imbricadas no movimento operário que estimularam, para além de uma visão oficial e afeita ao universo escolar, um olhar atento para as tensões e conflitos ancorados em dissonantes concepções do que era educar e percepções do que significava ser professor. Para tanto, parti de um processo-crime (1911), em que Jubert foi citado como réu em decorrência da distribuição de um Boletim da Liga Operária, denunciando as precárias condições de vida dos colonos nas fazendas de café da região, na relação com outras fontes primárias do período, que me levaram a descobrir que ele foi preso em Sorocaba, em 1913, e me permitiram segui-lo até Bauru (1915). O recorte temporal da pesquisa situa-se no período posterior à Proclamação da República (1889), acolhendo a consolidação das relações de trabalho assalariado, matizadas por significativas manifestações e greves operárias até 1920. Os objetivos da pesquisa foram rastrear, cotejar e analisar possíveis concepções de educação e de professor mobilizadas nas fontes primárias pesquisadas, na relação com o modelo educacional dos grupos escolares, tomado como exemplar pelo governo republicano paulista em detrimento de outras possíveis alternativas para a educação. Problematizar e analisar como o professor Jubert e suas ações foram apresentados no decorrer do processo (1911) do Poder Judiciário à comunidade. E identificar se Joseph Jubert foi citado pelos periódicos bragantinos da época e obras de memorialistas locais, visando cotejar as possíveis referências à sua trajetória, ações em Bragança, com notícias e informações acerca dos professores que atuavam no primeiro grupo escolar da cidade, o Doutor Jorge Tibiriçá. Para atingir tais objetivos, priorizei a análise de fontes primárias periódicas (jornais, almanaques, anuários e revistas) e de processos-crime (1911), bem como, fiz a revisão bibliográfica da história de Bragança, da imigração, da instrução pública e também do primeiro grupo escolar de Bragança e da instrução libertária nos princípios de Ferrer, buscando aportes sobre o movimento operário e anarquista, no período, considerando as questões mais amplas da história da educação brasileira na modernidade. Esta pesquisa justifica-se pela inexistência de outras que privilegiem esse tema e objetivos, até o presente momento na cidade, bem como, possibilitará um olhar mais abrangente acerca dos possíveis imbricamentos da história da educação com o movimento operário brasileiro, no período, contribuindo, também, para a construção de conhecimentos históricos sobre Bragança Paulista. O referencial teórico desta pesquisa assenta-se, sobretudo, nas contribuições de E. P. Thompson, C. Ginzburg e W. Benjamin.