Indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
frequentemente relatam dispnéia e fadiga durante a realização de atividades da
vida diária (AVD) que envolvem os braços. Exercícios de membros superiores
(MMSS) melhoram a capacidade de exercício, função e força muscular dos
braços de indivíduos com DPOC e têm sido cada vez mais aceitos como um
importante componente da reabilitação pulmonar (PR). Como tal, há um
interesse crescente na avaliação de desempenho dos MMSS, com o intuito de
quantificar a deficiência e avaliar o impacto do treinamento físico. Dentre os
vários testes, existentes para avaliar capacidade funcional de membros
superiores, dois têm se destacado mundialmente são: unsupported upper limb
exercise test (UULEX) and the six-minute pegboard and ring test (6PBRT),
denominados neste estudo como UULEX e TA6 (teste das argolas de 6
minutos) respectivamente, que podem ser usados para medir a capacidade de
endurance (UULEX) e função dos MMSS (TA6). Até o momento, nenhum
estudo foi publicado com equações de referência para o UULEX e TA6 para
brasileiros adultos saudáveis. Objetivos: Determinar equação de referência
para os testes UULEX e TA6 para brasileiros adultos, saudáveis de ambos os
sexos; avaliar a relação entre os resultados dos testes com a idade e o nível de
atividade física e a repetibilidade do teste UULEX Métodos: Trata-se de um
estudo transversal para determinar os valores de referência do UULEX e TA6
para brasileiros adultos saudáveis com idade superior a 20 anos. A amostra foi
composta pela comunidade interna e externa á UFMG.Os voluntários
preencheram o questionário Perfil de Atividade Humana (PAH) e foram
submetidos á espirometria. Na sequencia os mesmos realizaram os dois testes,
duas vezes cada um, com intervalo de 30 minutos entre eles ou até que a
frequência cardíaca e a pressão arterial retornassem aos valores basais. O
UULEX é um teste que mimetiza atividades de vida diária utilizando MMSS,
limitado por sintomas. Neste teste o voluntário teve de realizar o exercício
durante o maior tempo possível. Para iniciar o teste, o voluntário permaneceu
sentado diante de um painel com oito níveis, montado na parede, em seguida .
recebeu uma barra de plástico (PVC) com peso de 0,2 kg, e a levantou com
ambas as mãos numa cadência constante de 60 batidas por minuto (auxiliados
pelo som de um metrônomo), a partir da cintura pélvica em direção ao primeiro
nível posicionado na altura do joelho, por 2 minutos. Essa primeira etapa
funcionou como aquecimento. A partir daí, a cada minuto, ele levantou os
braços progressivamente até alcançar o nível mais elevado no quadro (nível 8).
Uma vez que o voluntário atingia a altura máxima, a barra de 0,2kg era
substituída por uma mais pesada (0,5; 1,0; 1,5 até o máximo de 2kg) ou até que
atingisse o desempenho máximo, limitado por sintomas. Para cada aumento da
carga o indivíduo deveria pemanecer no nível mais alto por um minuto. Medidas
de dispnéia e fadiga braço (Borg 0-10) foram coletadas no início e ao final dos
testes. O TA6 é um teste que avalia a capacidade funcional de MMSS e é
limitado á tempo.Durante este teste, os voluntários, permanecem na posição
sentada, em frente a um quadro com dois pinos superiores e dois pinos
inferiores. O quadro foi posionado de forma que os pinos inferiores estejam na
altura dos ombros do indivíduo e os dois pinos superiores 20 cm acima. Vinte
argolas foram posicionadas incialmente nos pinos inferiores. Os voluntários
foram solicitados a mover tantas argolas quanto possível dos dois pinos
inferiores para os dois pinos superiores e vice-versa com as duas mãos ao
mesmo tempo durante seis minutos. O número de argolas era contabilizado por
um pesquisador, sendo contabilizadas a cada 20 argolas movidas para baixo ou
para cima. Antes e imediatamente após o teste, a pressão arterial (PA), a
frequência cardíaca (FC), a percepção de esforço e fadiga de braço foram
medidos. Resultados: A amostra foi composta de 62 indivíduos (38 feminino e
24 masculino), com idade de 47,87 ± 20,67 anos, função pulmonar normal,
67,7% (42) considera-se ativos e IMC= 25,55±4,48. A idade, o nível de
atividade física e o IMC foram capazes de explicar 45,7% da variação no
resultado UULEX, já a idade sozinha, explicou 40,9% dos resultados do TA6.
Equações resultantes da análise: UULEX (tempo em minutos) = 15,650 + 1,604
(nível de atividade física= sedentário = 0; ativo= 1) – 0,109 (IMC) –
0,045(idade). R2=0,457 Erro padrão da estimativa = 1,365. TA6(argolas
movidas) = 532,296 – 2,735 (idade); R2=0,409; erro padrão da estimativa =
69,312. Este estudo mostrou que UULEX é repetível na análise de Bland-
Altman, com limites inferiores e superiores de acordo: 2,40 e -2,49 minutos,
respectivamente (bias = -0,05; p = 0,817). Dispneia, braço fadiga, frequência
cardíaca e pressão arterial diastólica e sistólica aumentaram significativamente
do pré para o pós-teste em ambos os testes (p = 0,0001). A fadiga do braço
pré-teste foi maior no segundo teste, em comparação com os valores pré-teste
do primeiro teste (P = 0,0001). Fadiga do braço não aumentou durante o
segundo teste (p = 0,417).
Conclusão: Os resultados dos testes UULEX e TA6 foram explicados em
grande parte pelos atributos antropométricos, demográficos e nível de atividade
física dos voluntários. As equações desenvolvidas neste estudo são
apropriadas para interpretar o desempenho dos indivíduos saudáveis. Apenas
um teste UULEX é necessário para realizar a medida de pico de exercício de
braço sem apoio em indivíduos saudáveis.