Esta dissertação é fruto de uma pesquisa em leituras literárias de juventudes, com estudantes das 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio. A investigação define-se como uma Pesquisa de Campo, de caráter qualitativo, descritivo e interpretativo. Os dois principais locais da pesquisa são o Colégio Estadual Thales de Azevedo e a Biblioteca Pública Thales de Azevedo, ambos situados no bairro de Costa Azul, na cidade do Salvador. Os pressupostos teóricos que embasam este trabalho investigativo – apoiados, sobretudo, nas discussões da Sociologia da Leitura, da Estética da Recepção, das ideias acerca do Letramento Literário e dos Estudos de Recepção na América Latina – encaminham-se na compreensão da Literatura como um conjunto de produções que, de uma ou outra forma, usam a palavra como meio de expressão de uma sensibilidade face ao mundo e aos homens. Da mesma maneira, entende-se por leitura literária uma atividade plural e multifacetada, que contempla a atualização de diversos e variados tipos e gêneros textuais, numa infinidade de suportes. Assim, a busca por um leitor ‘comum’ – juventudes leitoras, tanto nos livros quanto nas telas – é o objetivo principal que norteia este trabalho investigativo. Os dispositivos metodológicos que auxiliam o entendimento das múltiplas faces desses leitores jovens ‘avançam’ progressivamente da aplicação de um questionário no universo total do turno matutino da escola referida à realização de Círculos de Leitura, enriquecidos pelo método Dime de conversação literária – idealizado por Aidan Chambers –, passando pelo trabalho focalizado em atividades que visam à compreensão não somente da forma em que essas juventudes leem, mas também na maneira como eles entendem e se familiarizam com os mecanismos dos quais lançam mão ao realizar a leitura das produções que leem. A análise e interpretação dos dados colhidos revelam uma ampla gama de escolhas de leitura, referida a gêneros e suportes textuais. Essa amplidão se traduz em leituras feitas de simultaneidades, em que os impressos se intercalam com as telas e os gêneros se revezam. A disposição para a leitura literária parece, por sua vez, privilegiar o interesse na ‘anedota’, sem, no entanto, prejudicar a apreciação estética, seja da linguagem, seja da estrutura desses textos literários. Evidencia-se, assim, uma certa autonomia leitora gerada, porém, mais pela falta de mediações levadas a cabo por leitores mais experientes do que pela posse de habilidades que não requereriam a colaboração de tais mediações. Levantam-se, finalmente, algumas razões para não dar por finalizadas pesquisas dessa natureza: redimensionar a leitura das juventudes; pensar-se em mediações planejadas; criarem-se espaços de leitura literária dentro das escolas; articular o fazer leitor da escola ao fazer leitor da universidade; e promover uma presença mais maciça de pesquisas de campo e de ação na área do letramento literário.