Nos últimos anos, em rebanhos leiteiros, foi observado um aumento acentuado da produtividade acompanhado de uma diminuição da eficiência reprodutiva das vacas lactantes. Diversos fatores, como o aumento da incidência de doenças, da suscetibilidade ao estresse térmico e da ingestão de matéria seca, têm sido atribuídos como possíveis causas para esse decréscimo na fertilidade. Aumento da ingestão de matéria seca está associado maior fluxo sanguíneo hepático, que por sua vez está relacionado com aumento da metabolização hepática de diversas moléculas, entre elas os hormônios esteroides. Tendo em vista o alto metabolismo destes hormônios nas vacas leiteiras, foram realizados seis estudos, que na presente tese estão divididos em três capítulos, envolvendo suplementação hormonal em vacas leiteiras lactantes. O primeiro capítulo teve como objetivo aumentar a taxa de sincronização de vacas leiteiras ao protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) à base de estradiol (E2)/progesterona (P4). Para isso foram realizados dois experimentos, sendo o primeiro (n = 44 vacas) utilizando dose de 2.0 ou 3.0 mg de benzoato de estradiol (BE) associado a um dispositivo de P4, no início do protocolo. No segundo (n = 82 vacas), foi realizada uma pré-sincronização com GnRH para iniciar o protocolo de IATF em diferentes estágios foliculares: recrutamento vs. dominância. Avaliações ultrassonográficas e dosagens hormonais foram feitas. Outros 4 experimentos, descritos no segundo (n = 1070 vacas) e no terceiro (n = 1498 vacas) capítulo, foram desenvolvidos para avaliar o efeito da suplementação de P4 após a ovulação em vacas leiteiras. Nesses estudos, foram avaliados os efeitos desta suplementação na formação e função do corpo lúteo (CL), na expressão de genes estimulados por interferon (ISG), na fertilidade de vacas submetidas a IA, através da observação de estro ou de protocolo de IATF, e em receptoras de embrião. A dose de 3.0 mg de BE, além de não aumentar a taxa de sincronização da emergência de uma nova onda folicular, induziu luteólise em um maior número de vacas que a dose de 2.0 mg. Independente da fase do ciclo estral, no início do protocolo a base de E2/P4, houve falhas na indução na sincronização da emergência e de ovulação. A suplementação com P4 após a ovulação não alterou a formação e função do CL, mas também não aumentou a expressão de ISG. Vacas submetidas a IA após detecção de estro ou submetidas à IATF em protocolos a base de E2/P4 não apresentaram aumento na fertilidade, no entanto quando submetidas ao protocolo de IATF à base de GnRH foi observado em torno de 8% de incremento de fertilidade. Contudo, receptoras de embrião suplementadas com P4 tiveram menor fertilidade. Assim, concluiu-se que independente da dose de EB ou do momento do ciclo estral em que se inicia o protocolo de IATF à base de E2/P4 há falhas de emergência de uma nova onda e/ou de ovulação ao final do protocolo. Além disso, dependendo do protocolo utilizado, a suplementação com P4 pósovulação pode aumentar a fertilidade de vacas submetidas à IATF, contudo compromete a fertilidade de receptoras de embrião.