O Rorschach Performance Assessment System (R-PAS) constitui-se numa nova abordagem para utilização do tradicional método das manchas de tintas, idealizado, em 1921, por Hermann Rorschach. Tal abordagem surge em função dos avanços significativos que produziram transformações no Sistema Compreensivo, de John Exner, após seu falecimento, em 2006, a ponto de justificar a consolidação de um novo sistema. Este propõe uma evolução de acordo com dados de pesquisas mais recentes, mantendo uma satisfatória sustentação psicométrica. Com o surgimento dessa nova abordagem, certos aprimoramentos na técnica de aplicação foram propostos, bem como, a partir de pesquisas conduzidas ao redor do mundo, tornou-se possível contemplar uma normatização internacional, consolidando, assim, um estudo transcultural para compreensão da personalidade. Contudo, embora a proposta seja de internacionalização das normas, faz-se necessário verificar a validade do R-PAS no contexto cultural brasileiro. Nesse sentido, teve-se como objetivo buscar evidências de validade de critério para o R-PAS no contexto do diagnóstico psicopatológico. Para tanto, por meio de um processo de amostragem não aleatória, alcançou-se um total de 70 sujeitos, sendo eles divididos entre 35 pacientes, sujeitos com diagnóstico prévio de esquizofrenia e, 35 não pacientes, denominados grupo controle, no qual fizeram parte sujeitos que não apresentavam histórico de busca por atendimento profissional para tratar de perturbações intrapsíquicas. Os grupos foram pareados quanto a gênero, idade e escolaridade, sendo a amostra, então, composta por 63,9% de sujeitos do gênero masculino, cujas idades variaram entre 19 e 64 anos (M = 40,49; DP = 11,042). Os participantes apresentavam diferentes níveis de escolaridade e, todos eram habitantes do interior de Minas Gerais. Individualmente foram administrados o Método de Rorschach (R-PAS) e a Magical Ideation Scale (MIS), visando comparar o desempenho dos sujeitos pertencentes aos dois grupos em todas as variáveis. Posteriormente, buscou-se correlacionar o escore obtido na MIS com a Ego Impairment Index (EII-3), variável do R-PAS que avalia a presença de comprometimentos e vulnerabilidades intrapsíquicas mais severas. Visando garantir maior confiabilidade entre os achados, 25% dos protocolos foram recodificados por um juiz independente e o coeficiente de fidedignidade entre avaliadores foi obtido a partir do teste Kappa, cujos índices revelaram concordâncias, de satisfatória à excelente, para todas as variáveis. As comparações, realizadas por meio do teste t de Student, apontaram para diferenças estatisticamente significativas e de magnitudes expressivas para as variáveis Pull, Dd, SR, (Hd), An, Art, Cg, FQo, FQu, FQn, WDu, WDn, P, m, CF, C. p, DV2, DR2, INC1, INC2, CON, ABS, MAH, AGM, AGC, MAP, GHR, PHR, ODL, EII-3 e TP-Comp. Assim sendo, interpretam-se os resultados como evidências de validade para o R-PAS no contexto brasileiro.