A presente pesquisa, João da Cruz e Sousa e outras narrativas sobre o racismo brasileiro, está vinculada ao Projeto de Pesquisa Relações Raciais nas Escolas e Formação de Professores do professor José Valter Pereira. Partindo da vida e obra de João da Cruz e Sousa, tentamos problematizar como algumas questões suscitadas por ele, no final século XIX, ainda podem nos ajudar a refletir sobre as relações étnico-raciais na sociedade brasileira. Esta investigação tencionou entramar a minha história, as narrativas dos meus alunos, considerados aqui como sujeito coletivo, e a história do poeta João da Cruz e Sousa. No enredamento das narrativas mencionadas, apesar da diferença espaço-temporal que as separa, busquei os possíveis diálogos que possam nos ajudar a pensar como o racismo ainda se mantém e se atualiza no cotidiano da escola? De que forma o preconceito, o racismo e a discriminação se materializam na produção de desigualdades dentro do ambiente escolar? Desta forma, este estudo dialoga com autores como Muniz Sodré(2000;2010), Kabengele Munanga(2006), Nilma Lino Gomes(2003;2012), Frantz Fanon(2008), entre outros estudiosos do campo das relações étnico-raciais, articulando-os com os estudos do Grupo Modernidade/Colonialidade(2007;2008),Hanna Arendt(2007) também nos ajudou a desenvolver algumas questões com os conceitos de aparência e espaço público. Para entramar as narrativas em questão nos apoiamos em José Valter Pereira (2000;2006 e 2010), Jorge Larrosa(1994; 2014), Walter Benjamin(1985), Leonor Arfuch (2010) e também Luciano Bedin da Costa(2010) . Sobre a vida e a obra do poeta, consultamos estudos bibliográficos, documentos como jornais, revistas de crítica literária do final do século XIX etc, que, de alguma forma, se relacionam com o problema pesquisado. Como narrativa dos alunos consideramos o conjunto de textos e conversas que aconteceram dentro do espaço escolar a partir de atividades ou situações que envolveram relações étnico-raciais. Além disso, assumimos aqui o desafio político de exercitar uma escrita ensaística a fim de problematizar a estética hegemônica como caminho único na produção do conhecimento.