Introdução- Recentemente, destaca-se a avaliação da saúde dos trabalhadores do setor saúde, em função da sua importância na força de trabalho em todo o mundo. No Brasil, o setor saúde emprega mais de 2,5 milhões de trabalhadores. É crescente o reconhecimento de que lesões, incapacidades e condições precárias de trabalho entre trabalhadores da saúde comprometem a sua saúde geral e mental e podem afetar a qualidade da atenção à saúde dispensada à população. Apesar da historicidade das relações entre precárias condições de trabalho e de saúde psíquica dos trabalhadores há uma relativa escassez de investigações epidemiológicas abordando o tema. Objetivo- Este estudo objetiva avaliar a prevalência de Transtornos Mentais Menores e as vivências de prazer e sofrimento no trabalho, dos profissionais da área da saúde, do Pronto Atendimento e Hospital Municipal de Rondonópolis/MT. Método- Trata-se de um estudo epidemiológico, de corte transversal, analítico, ancorado na abordagem psicodinâmica. De uma população de 105 profissionais da área da saúde, foi investigada uma amostra voluntária composta por n=83 participantes, no período de janeiro a fevereiro de 2015. Instrumentos- Para acesso aos dados, foram aplicados três instrumentos de forma individualizada e assistida: (i) o Questionário sócio demográfico e ocupacional (QSDO); (ii) o Self Report Questionnaire-20 (SRQ-20), um questionário de identificação de transtornos psiquiátricos menores, desenvolvido por Harding et al (1980) e validado para uso no Brasil por Mari e Willians (1986); (iii) a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST), parte do Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), desenvolvido por Mendes e Ferreira (2007). Análise estatística dos dados- Os dados foram analisados segundo parâmetros de estatística descritiva e inferencial com nível de significância p < 0,05, com cálculo da razão de prevalência e intervalos de confiança de 95 %. Resultados- A prevalência de Transtornos Mentais Menores encontrada foi de 25,3%, considerada alta quando comparada à da população geral (20 a 25%). Na análise da EIPST, os fatores percebidos pelos participantes como importantes para o prazer no trabalho foram: em realização profissional o “orgulho” pela profissão (μ = 5,45) e a “identificação” com suas atividades (μ = 4,82) e em liberdade de expressão, a “liberdade para falar do trabalho com os colegas” (μ = 4,07) e a “solidariedade entre colegas” (μ = 4,07). Os fatores percebidos pelos participantes como importantes para o sofrimento no trabalho foram: em esgotamento profissional o “esgotamento emocional” (μ = 2,30) e “estresse” (μ = 2,21) e em falta de reconhecimento a “falta de reconhecimento do meu esforço” (μ = 2,18) e a “desvalorização” (μ = 2,17). Conclusões- A alta prevalência encontrada para suspeição de TMM e a correlação estatisticamente significativa (p < 0,01) entre TMM e sofrimento no trabalho é preocupante e remete a urgência da incorporação de estratégias para a promoção, proteção e prevenção em saúde mental do trabalhador. Em termos da questão social com a força de trabalho em saúde e de prioridade epidemiológica, os aspectos relativos à saúde e, particularmente de saúde mental, devem estar no centro da atenção de gestores e pesquisadores.