A pesquisa trata de examinar princípios da estética da montagem em filmes produzidos por celular. O trabalho analisa, inicialmente, oito curtas, selecionados a partir de critérios específicos: resultados realizados em sua totalidade com celular e que estão inseridos na rede, desde plataformas como Youtube/Vimeo ou sites dos próprios Festivais, como Cel.U.Cine. em seguida passamos à análise dos dois vídeos, foco da pesquisa, 5#calls (2010), do diretor Giuliano Chiaradia e Sete vidas (2008), de Gabriel Bortolini. A proposta é observar como essas produções vêm se reconfigurando diante do cenário audiovisual, sob o ponto de vista técnico e estético, relacionando ainda esses aspectos à fragmentação da vida contemporânea e ao seu contexto cíbrido. Por se tratar de uma linguagem atual e multifacetada, que propicia tendências a uma arte experimental, a pesquisa tem como objetivo observar a montagem desse tipo de produção, não apenas como operação técnica, mas, sobretudo, analisando as implicações estéticas apresentadas. Em um primeiro momento, sob o prisma tecnológico, da linguagem dos dispositivos portáteis e novas poéticas da arte-mídia, algumas discussões serão fomentadas por autores como Lúcia Santaella (2007), observando novos formatos audiovisuais híbridos; Giselle Beiguelman (2011), que discute as práticas artísticas em decorrência do uso das tecnologias móveis e Arlindo Machado (2007), com a expansão do conceito de cinema. Em um segundo momento, examinamos tipologias da montagem, de acordo com Vincent Amiel (2007) – narrativa, discursiva e por correspondências –, como também algumas de suas especificidades, dentre elas, as articulações e relações entre os planos; os princípios de junção e de transmissão; a representação do mundo e os procedimentos estéticos dominantes, utilizando autores como Jacques Aumont (2011), Ismail Xavier (2012), Sergei Einsenstein (2002) e André Bazin (2014) para pontuar questões relevantes das teorias da montagem. Como método, utilizamos a análise da imagem, a partir de Martine Joly (2010), destacando três etapas cruciais no sentido de compreensão estética: decompondo os vídeos em partes a serem analisadas; estabelecendo relações entre os elementos decompostos e, por fim, interpretando-os de acordo com a teoria estética da montagem, embasada por Vicent Amiel (2007). A análise, que constitui o último capítulo, traz à tona discussões pertinentes acerca das práticas videográficas atuais, através da seleção de oito curtas – todos produzidos com celular, e mais especificamente da montagem dessas produções, numa perspectiva estética. O foco da análise, no entanto, são os curtas de Bortolini e Chiaradia, os quais são examinados de forma mais detalhada, dialogando com os temas levantados nos capítulos um e dois desta pesquisa.