O planejamento reprodutivo é tema relevante e objeto de diversos estudos no país, as análises têm identificado problemas na assistência que podem comprometer a garantia dos direitos reprodutivos. A assistência ao planejamento reprodutivo é essencialmente uma atividade da atenção básica, e para assegurar uma assistência integral, é necessário avançar na concretização dos princípios diretivos do sistema, quais sejam, integração, coordenação e continuidade dos cuidados prestados. Nesse intuito, tem se desenvolvido outras experiências de organização da prestação dos cuidados, como os Territórios Integrados de Atenção à Saúde (TEIAS), com praticas assistenciais inovadoras. Objeto de estudo: A assistência ao planejamento reprodutivo em, uma unidade de Saúde da Família inserida no Território Integrado de Atenção à Saúde, na cidade do Rio de Janeiro. Objetivos: Analisar aspectos da estrutura e dos processos dessa assistência, tendo como referência: a) a continuidade, a coordenação e integração de cuidados em saúde reprodutiva e, b) o atributo da assistência como espaço dialógico e de promoção da autonomia dos usuários nas decisões referentes à vida reprodutiva. Sujeitos e Métodos: Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, foram realizadas entrevistas com usuários homens e mulheres de 15 a 49 anos, analisadas também entrevistas com profissionais de saúde da unidade e a observação sistemática dos grupos de Planejamento Familiar que acontecem na unidade de saúde. Resultados: a análise da assistência ao planejamento reprodutivo revelou fragilidades com uma assistência verticalizada, pouco articulada e coordenada com outras ações programáticas e com outras ações de saúde reprodutiva . As ações são ofertadas quase que independentes entre si, sem que se defina uma linha de cuidados que as integre de modo a garantir uma assistência integral à saúde e aos direitos reprodutivos. Apresenta também uma prática arraigada de mitos e preconceitos, considerando pouco a diversidade e a complexidade dos sujeitos na vivência da sua vida reprodutiva. Como potencialidades o território integrado de atenção à saúde (TEIAS) promoveu avanços na assistência ao planejamento reprodutivo e chega a superar alguns dos antigos entraves como a organização de aspectos de infra-estrutura e a provisão de insumos. A integração de uma rede de cuidados no território ampliou o leque de ofertas de métodos contraceptivos, possibilitando o acesso a exames diagnósticos e a atenção de especialista, oferecendo uma assistência mais resolutiva e diferenciada de outras unidades de atenção básica. Entretanto, os avanços alcançados não foram suficientes para promover uma assistência que dialogue com a promoção dos direitos reprodutivos. Conclusões: A unidade de saúde, apesar de ser um serviço jovem, criado no modelo de uma clínica de família e fazer parte de um TEIAS - herda ainda dificuldades antigas e arraigadas do sistema de saúde. Por sua vez, é possível atribuir às próprias potencialidades desse modelo de clínica e de território, o fato da clinica da família ter enfrentado e até certo ponto superado alguns desses desafios.