Reconhecida como uma das raças equinas mais antigas e influentes, o cavalo Árabe
tem sua origem indefinida e supostamente heterogênea, a partir dos resultados de estudos de
DNA-mitocondrial, que apontaram importante diversidade genética. Considerando o contexto
dos desafios ecológicos a que as espécies são submetidas, tais como competição, predação,
patologias e outros, a diversidade genética é fundamental na sua adaptação e evolução. Sua
avaliação dentro da população é necessária durante a implementação do programa de seleção
para estabelecer uma gestão apropriada do estoque genético, sendo determinada pelo tamanho
da população base, mas também pelas estratégias de acasalamento. A análise genética de uma
população pode ser levada a termo utilizando-se informação genealógica ou molecular. No
caso do presente estudo, seu objetivo foi avaliar a diversidade genética do cavalo Árabe no
Brasil, através das informações genealógicas contidas do Stud Book Brasileiro do Cavalo
Árabe. Foram utilizados os dados de 54506 animais, cuja consistência de seus pedigrees foi
avaliada pelo programa Breed Mate Pedigree Software®
e os parâmetros populacionais
determinados pela análise com o programa Poprep. A idade média dos machos e fêmeas em
reprodução foi, respectivamente, 9,8 e 9,0 anos. A rotatividade de éguas em reprodução pode
ser considerada alta (59,02%) e o intervalo médio de gerações ao longo do tempo considerado
foi de 9,1 anos. Para a análise da endogamia foram definidas 11 classes com intervalos de 5%,
onde 4,32% da população correspondeu a níveis acima dos 10%. A média F de endogamia
encontrada para a população foi de 1,98%, considerando-se os dados de ancestrais desde
1808, e 2,90%, considerando-se os dados a partir de 1964, quando da criação do Stud Book
Brasileiro do cavalo Árabe. Estes resultados são inferiores a alguns encontrados para
populações de cavalos Árabes na Europa, observando-se ampla diversidade genética
populacional, podendo estar relacionados ao considerável tamanho da população, ao fluxo
gênico de um grande número de importações de animais e à ausência de gargalos genéticos
importantes. Todavia, a elevada proporção de animais endogâmicos na população e o
aumento das médias de endogamia nas últimas duas décadas, sugerem ajustes de seleção, no
sentido de prevenir perdas de diversidade genética no futuro.